O sarampo pode afetar o sistema imunológico por até três anos, expondo os sobreviventes a um maior risco de contrair outras doenças infecciosas e potencialmente mortais, revelou um estudo divulgado nesta quinta-feira (7).
Já se sabia que o sarampo poderia suprimir as defesas naturais do organismo durante meses, mas as recentes descobertas, publicadas na revista Science, demonstram que os perigos da doença - evitável com vacina - persistem por muito mais tempo, varrendo as essenciais células de memória, que armazenam informações sobre agentes infecciosos e protegem o corpo contra infecções como pneumonia, meningite e doenças parasitárias.
"Trocando em miúdos, se você contrai sarampo, pode correr o risco de, até três anos depois, morrer de algo que não seria fatal caso não houvesse a infecção por sarampo", explicou Jessica Metcalf, coautora do estudo e professora assistente de ecologia e biologia evolutiva e assuntos públicos na Universidade de Princeton.
O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo. Ele costuma provocar erupção cutânea e febre, e pode levar a complicações perigosas, como infecções pulmonares, inchaço no cérebro e convulsões.
Depois que a vacina contra o sarampo foi introduzida há 50 anos, a mortalidade por sarampo começou a cair na Europa e nos Estados Unidos, assim como as mortes por outras doenças infecciosas, ressaltaram os pesquisadores.
Observando as mortes entre crianças de 1 a 9 anos na Europa e de crianças entre 1 e 14 anos nos Estados Unidos, tanto em eras pré e pós-vacina, os especialistas descobriram uma "correlação muito forte entre a incidência do sarampo e mortes por outras doenças, revelando um 'período de latência' médio de aproximadamente 28 meses após a infecção por sarampo".
"Nossas descobertas sugerem que vacinas contra o sarampo têm benefícios que vão além da simples proteção contra o sarampo em si", disse Michael Mina, principal autor do estudo. Mina é estudante de medicina na Universidade Emory e trabalhou no estudo como pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Princeton.
"É uma das intervenções com melhor relação custo benefício para a saúde global", afirmou.