Conservadores caminham para vitória nas eleições britânicas

Os conservadores venceram em circunscrições muito disputadas com os trabalhistas, o que reforça a ideia de que Cameron terá mais 5 anos de mandato
Da AFP
Publicado em 08/05/2015 às 8:33
Os conservadores venceram em circunscrições muito disputadas com os trabalhistas, o que reforça a ideia de que Cameron terá mais 5 anos de mandato Foto: Foto: PETER NICHOLLS / POOL / AFP


O Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron, ganhou as eleições britânicas desta quinta-feira, com 316 deputados, a dez da maioria absoluta, bastante à frente dos trabalhistas, que aparecem com 239 - revela a pesquisa de boca de urna.

Os "tories" poderão repetir sua coalizão com os democratas-liberais, que levaram dez cadeiras, de acordo com os números da pesquisa, a qual confirmou ainda a grande onda nacionalista na Escócia. Lá, o SNP teria conseguido 58 das 59 cadeiras em jogo.

Essa ascensão nacionalista comprova o aniquilamento dos trabalhistas em seu antigo feudo da Escócia, que chega depois de sua defesa do "não" no referendo da independência de setembro de 2014.

Os conservadores venceram em circunscrições muito disputadas com os trabalhistas, como Nuneaton, Swindon North e Warwickshire North, o que reforça a ideia de que Cameron terá mais 5 anos de  mandato.

"Parece que os resultados são bons para os conservadores, bons para Cameron, mas será preciso  esperar", disse a ministra do Interior, Theresa May.

A líder dos nacionalistas escoceses, Nicola Sturgeon, também pediu prudência.

"Trataria a pesquisa de boca de urna com ENORME cautela. Espero uma boa noite, mas acho que é improvável que obtenhamos 58 cadeiras", escreveu no Twitter.

A derrota dos trabalhistas na Escócia foi devastadora. O peso-pesado da política britânica Douglas Alexander, coordenador nacional da campanha trabalhista, perdeu para a nacionalista escocesa Mhairi Black, de apenas 20 anos, que se tornou a deputada britânica mais jovem em três séculos e meio, ao conquistar uma cadeira por Paisley e Renfrewshire, na região de Glasgow.

"Não é o que eu esperava", reconheceu Alastair Campbell, que foi assessor do então primeiro-ministro Tony Blair, refletindo a perplexidade dos trabalhistas com os últimos números.

A maioria absoluta no Parlamento britânico é obtida com 326 deputados, metade mais um dos 650 que compõem a Casa.

Se esses números se confirmarem, os conservadores serão a primeira força do Parlamento (316 deputados), seguidos dos trabalhistas (239), nacionalistas escoceses do SNP (58) e dos democratas-liberais (10).

O Partido da Independência do Reino Unido (Ukip), de Nigel Farage, deve conseguir apenas dois deputados - mesmo número que tem hoje.

Cameron estaria em uma posição única para formar o governo, contrariando todas as pesquisas antes das eleições, que previram o empate com os trabalhistas de Ed Miliband.

Os clientes do pub Draft House Seething, em "The City", deram suas primeiras impressões, após a divulgação da boca de urna.

"Por que a gente iria mudar? A economia vai bem depois de cinco anos com os conservadores", disse Grant, que trabalha no coração financeiro de Londres, com a cerveja na mão.

Ben Woodthorpe, funcionário do mesmo setor, também comemorou. "Os trabalhistas não são competentes em temas financeiros", avaliou.

Encomendada pelas grandes emissoras de televisão - BBC, ITN e Sky -, a boca de urna foi feita com uma ampla amostragem de 20 mil pessoas.

Nas últimas duas eleições, o resultado foi correto. Em 1992, porém, previu que ninguém havia conseguido maioria absoluta, quando, na verdade, os conservadores de John Major venceram com folga.

Pouco depois da pesquisa, saíram os primeiros resultados oficiais, de Houghton e de Sunderland South, que deram o primeiro deputado aos trabalhistas.

As primeiras circunscrições começaram a divulgar seus resultados a partir das 23h (19h em Brasília). Às 7h (3h em Brasília) de sexta-feira, deve-se conhecer o destino de 643 das 650 vagas.

A expectativa é que até as 13h (9h em Brasília) de sexta, quando se comemoram os 70 anos da vitória sobre a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, tenha-se a composição total e definitiva do Parlamento.

Escócia e UE olham para Londres

As eleições desta quinta podem acabar levando à saída do país da União Europeia e a um novo referendo de independência na Escócia.

A ascensão dos nacionalistas escoceses de Nicola Sturgeon se tornou o grande tema de campanha, já que podem conseguir as chaves do poder em Londres ao mesmo em que começam a falar da possibilidade de um segundo referendo de independência na Escócia.

"Minha mensagem é que defenderemos a Escócia, mas, ao mesmo tempo, buscaremos formar alianças com gente de todo o Reino Unido para fazer melhor a política no país", disse Sturgeon, após votar em Glasgow.

Já Cameron prometeu que, se ganhasse, convocaria um referendo sobre o pertencimento do país à UE antes do fim dr 2017. Isso causou nervosismo e levou "The City" a desconfiar tanto de conservadores quanto de trabalhistas.

Nesta quinta, a Bolsa de Londres caiu 0,67%, seu nível mais baixo em um mês, algo incomum.

"Em nove dos últimos 11 dias de eleições, a Bolsa subiu", lembrou o analista Connor Campbell, da Spreadex.

As negociações para a formação de governo não devem se prolongar além de 27 de maio, dia do discurso anual da rainha Elizabeth II no Parlamento. Nele, a soberana apresenta os projetos do primeiro-ministro para o próximo ano.

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