O líder conservador britânico David Cameron converteu novamente seu partido na grande força dominante do Reino Unido, com um estilo mais próximo do trabalhista Tony Blair que de sua admirada Margaret Thatcher.
Sua vitória folgada nas eleições de quinta-feira (7) não havia sido prevista por nenhuma pesquisa e significa um segundo mandato consecutivo para os conservadores pela primeira vez desde 1990.
Cameron já foi o primeiro-ministro mais jovem em 200 anos e o homem que acabou com 13 anos de governos trabalhistas.
Combina uma imagem sorridente e moderna, como a de Tony Blair, e a determinação atribuída normalmente aos conservadores de fazer o trabalho sujo limitando a imigração e enquadrando as contas públicas, algo que com a crise se tornou importante para o eleitorado.
Mas a determinação de mudar as coisas doa a quem doer, que caracterizou Thatcher, não é a mesma de Cameron: a imigração não diminuiu em seu primeiro mandato, como havia prometido, e as contas estão apenas um pouco mais saneadas, embora - de qualquer forma - o país cresça a um bom ritmo (2,5% em 2014)
"Cameron é basicamente um conservador, e nesta tradição não é muito dado às grandes visões", explicou Nick Clegg, seu vice-primeiro-ministro e líder dos liberais-democratas (sócios minoritários da coalizão de governo) até esta sexta-feira, quando renunciou pelos maus resultados eleitorais.
"Se houvesse um esporte de relaxar, seria campeão olímpico", disse um colaborador seu, nada opositor, aos seus biógrafos.
"É uma combinação estranha", escreveu seu primo Harry Mount no The Sunday Times de domingo.
"Um homem inteligente e politicamente ambicioso em um corpo afável e pouco amante das complicações", acrescentou.
- Produto de Eton -
David William Donald Cameron nasceu em 9 de outubro de 1966 em uma família abastada e cresceu em Peasemore, uma pequena localidade do condado de Berkshire. Seu pai era corretor da bolsa e sua mãe magistrada.
Assim como seus três irmãos, gozou de uma educação privilegiada. Com sete anos, entrou para a escola Heatherdown, que contou, entre seus alunos, com os príncipes Andrew e Edward da Inglaterra, antes de passar cinco anos mais tarde ao elitista colégio Eton.
Um centro que, com ele, forneceu 19 primeiros-ministros ao Reino Unido, além do atual prefeito de Londres, Boris Johnson, que, como Cameron, foi membro do clube de estudantes Bullingdon, famoso por suas festas lendárias.
Posteriormente estudou na Universidade de Oxford, da qual saiu em 1988 formado em Filosofia, Política e Economia.
Cameron é descendente direto do rei William IV (1830-1837) e, segundo confessou recentemente, primo em 13º grau de Kim Kardashian, a celebridade americana.
Ao que parece, segundo um site genealógico, as árvores de um e de outro se tocam em Sir William Spencer, um inglês nascido em 1555.
Seu bisavô materno, seu tataravô e o pai deste foram deputados conservadores.
Embora não tenha militado politicamente na universidade, começou a trabalhar imediatamente no Partido Conservador, no departamento de pesquisa.
Depois de colaborar com o primeiro-ministro John Major na preparação de seus comparecimentos no Parlamento, assessorou vários ministros.
Em 1993, no entanto, deixou temporariamente o partido para se tornar diretor de comunicação no grupo de meios de comunicação Carlton, onde aperfeiçoou seus dotes de relações públicas e aprendeu a lidar com a imprensa. Sua única experiência no setor privado terminou em 2001 quando, após uma primeira tentativa frustrada, ganhou finalmente um assento no Parlamento.
A partir desse momento, sua ascensão no Partido Conservador foi meteórica. Em 2004, entrou no gabinete da oposição e, no ano seguinte, após a terceira vitória de Tony Blair nas urnas, obteve a liderança.
Cameron é casado com Samantha Sheffield e tem três filhos. O casal teve mais um, o primeiro. Se chamava Ivan, sofria de paralisia cerebral e epilepsia, e faleceu em fevereiro de 2009, aos seis anos, um tema que o primeiro-ministro não esconde.