Papa recebe Raúl Castro no Vaticano

O papa deu a Castro uma medalha de São Martinho de Tours, conhecido na tradição cristã por compartilhar seu abrigo com um mendigo
Da Folhapress
Publicado em 10/05/2015 às 11:15
O papa deu a Castro uma medalha de São Martinho de Tours, conhecido na tradição cristã por compartilhar seu abrigo com um mendigo Foto: Foto: GREGORIO BORGIA / POOL / AFP


O ditador cubano Raúl Castro foi recebido com entusiasmo neste domingo (10) pelo papa Francisco, no Vaticano. Castro esteve na Europa para participar das celebrações dos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

No ano passado, o papa teve papel crucial para mediar a reaproximação diplomática entre Cuba e os Estados Unidos, após mais de 50 anos de tensão.

"Bienvenido!", disse o papa em espanhol, língua nativa de ambos, ao recebê-lo, às 7h30 da manhã locais. O encontro havia sido anunciado na terça-feira.

Castro baixou a cabeça, segurou a mão do papa com suas duas mãos e os dois partiram para uma conversa reservada por quase uma hora, tempo generoso para os padrões do Vaticano.

Castro já havia agradecido publicamente a Francisco pela mediação diplomática. Após a reunião, ele disse aos jornalistas que fez pessoalmente o agradecimento.

Os dois trocaram presentes. O papa deu a Castro uma medalha de São Martinho de Tours, conhecido na tradição cristã por compartilhar seu abrigo com um mendigo.

Já Castro deu ao papa um quadro do artista cubano Alexis Leiva Machado, conhecido como Kcho, retratando uma cruz feita com barcos de náufragos clandestinos que chegam à ilha italiana de Lampedusa.

DIPLOMACIA CATÓLICA

Depois de décadas sendo combatida pelo regime castrista, a igreja católica se tornou uma importante aliada diplomática do país, mediando a relação entre o governo e os dissidentes do regime e, agora, facilitando a retomada de relações com os Estados Unidos.

Francisco deve visitar Cuba em setembro, logo antes de visitar cidades dos Estados Unidos: Washington, Filadélfia e Nova Iorque.

Ele será o terceiro papa a visitar Cuba. Em 1996, o então ditador cubano Fidel Castro visitou o papa João Paulo 2º no Vaticano, preparando a primeira visita de um papa à ilha, em 1998. O papa seguinte, Bento 16, também visitou o país, em 2012.

Cada encontro simbolizou um passo na abertura da ilha, com grande proporção de católicos, à religião.

Com a visita de João Paulo 2º, Fidel permitiu a celebração do Natal, proibido desde o final da década de 1960. A visita de Bento 16 devolveu o feriado de sexta-feira santa aos cubanos, e abriu caminho para a devolução à igreja de imóveis estatizados no início do regime comunista da ilha.

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