Atualizado às 10h16
Quase 2.000 imigrantes, em sua maioria rohingyas procedentes de Mianmar e Bangladesh, foram resgatados nos últimos dois dias nas costas da Indonésia e da Malásia, anunciaram as autoridades, que advertiram para a possibilidade de que milhares de pessoas possam estar em alto-mar.
Um total de 1.400 pessoas foram resgatadas nesta segunda-feira, um dia depois da operação que salvou quase 600 imigrantes em uma embarcação de madeira na costa da província de Aceh, na Indonésia.
Os barcos, que têm como destino mais frequente a Tailândia, foram, ao que parece, desviados para os países vizinhos depois que o governo tailandês adotou medidas contra os traficantes de migrantes, após a descoberta de dezenas de fossas comuns em "campos de escravos" no sul do país.
Mais de 1.000 imigrantes procedentes de Bangladesh e Mianmar chegaram nesta segunda-feira às costas da Malásia, depois que foram abandonados por traficantes de seres humanos na ilha de Langkawi, anunciou a polícia.
"Acreditamos que eram três embarcações com 1.018 imigrantes a bordo", disse o subcomissário de polícia de Langkawi, Jamil Ahmed, que não descarta a possibilidade da presença de mais imigrantes em outros pontos da ilha.
Um barco foi confiscado, mas os outros dois conseguiram fugir, segundo Ahmed. Muitas pessoas chegaram à costa a nado.
A embarcação continua no mar, protegida pela Marinha da Indonésia, mas o capitão conseguiu fugir, segundo o porta-voz da Força Naval, Manahan Simorangkir.
A Marinha fornece água e comida aos passageiros do barco e até o momento a embarcação não recebeu autorização para atracar no porto.
"Sabemos que há mais barcos por aí que desejam entrar no país", disse o chefe de polícia de Langkawi, Haritth Kam Abdullah.
"Nossa equipe localizou outra embarcação com mais de 400 imigrantes rohingyas de Mianmar e bengaleses, à deriva na costa de Aceh, esta manhã", declarou à AFP Budiawan, coordenador do resgate.
Entre as pessoas resgatadas estavam 92 crianças, informou Budiawan, que, como muitos indonésios, tem apenas um nome. Outras embarcações com imigrantes a bordo podem chegar às costas da Indonésia. "Estamos em alerta e preparados para resgatá-los", disse Budiawan.
Abdul Rahim, 25 anos, natural de Bangladesh, que chegou a nado a Langkawi, disse à AFP que suportou uma viagem de 28 dias em um barco ao lado de centenas de pessoas. A embarcação era operada por contrabandistas birmaneses.
Rahim é parte do grupo de 300 homens procedentes de Bangladesh, a maioria deles sem camisa e visivelmente esgotados, sob custódia policial.
As autoridades de Mianmar consideram os rohingyas, uma minoria muçulmana de quase de 800.000 pessoas, imigrantes ilegais procedentes da vizinha Bangladesh.
Nos últimos anos, a violência sectária obrigou milhares de rohingyas a fugir para salvar a vida.
Os rohingyas, considerados pela ONU uma das minorias mais perseguidas do mundo, tentam chegar à Malásia, país de maioria muçulmana, passando pelo sul da Tailândia ou pelo mar de Andaman, com a ajuda de traficantes.
Quase mil imigrantes estão em abrigos e casas particulares da região, onde recebem atendimento médico e refeições, segundo Budiawan.
Chris Lewa, do Projeto Arakan, um grupo de defesa dos direitos dos rohingya, acredita que milhares de imigrantes estão bloqueados no mar depois da repressão do tráfico na Tailândia e Malásia nos últimos meses.