As forças de segurança do Hamas mataram nesta terça-feira um líder salafista na Faixa de Gaza, pela primeira vez desde a escalada das tensões, o que provoca o fortalecimento dos radicais no território palestino em meio à crise política e econômica.
Yussef al-Hatar, de 27 anos, apontado como um chefe salafista conhecido localmente, foi abatido em um tiroteio com as forças de segurança do Hamas que pretendiam detê-lo em sua casa em Sheikh Radwan, no norte da cidade de Gaza. O jovem era suspeito de realizar atividades ilegais, indicou à AFP o porta-voz do ministério do Interior em Gaza, Uyad al-Bozum, sem fornecer mais detalhes.
Segundo testemunhas, as forças de segurança montaram barricadas ao redor de sua casa para evitar sua fuga, o que provocou um tiroteio. Al-Hatar tentou ativar bombas para detonar a casa e ele mesmo colocou um cinturão de explosivos, segundo o porta-voz ministerial, mas terminou morto pelas forças de segurança.
Munições e armas que integravam um arsenal relativamente rudimentar foram apreendidas na residência, segundo as fotos publicadas no site do ministério na internet. Fontes locais apontaram Al-Hatar como membro de um grupo filiado à organização Estado Islâmico (EI), o que aumenta os temores de eventuais represálias.
- Coquetel explosivo -
A Faixa de Gaza é cenário desde o fim da guerra com Israel de julho-agosto de 2014 de um confronto entre o Hamas, no poder no enclave desde 2007, e grupos radicais cada vez mais ativos e visíveis.
Nos últimos meses foram registradas várias ações contra o Hamas e interesses internacionais, assim como o surgimento de um grupo denominado Os Partidários do Estado Islâmico em Jerusalém. No entanto, nenhum outro grupo havia obtido até agora o reconhecimento do EI. O Hamas, que aplica uma forte repressão, continua controlando a situação, segundo os especialistas.
Mas estes últimos se preocupam com o coquetel explosivo composto por desespero econômico, falta de reconstrução após a devastação provocada pela guerra, disputas internas palestinas, insurreição no vizinho Sinai egípcio e o chamado do jihadismo à juventude, em um território exíguo e lotado onde 1,8 milhão de pessoas vivem.
A Faixa de Gaza é um barril de pólvora, resumiu na segunda-feira o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, durante uma visita. A morte de Al-Hatar ocorreu após uma sucessão de acontecimentos violentos, ameaças e ultimatos contra o Hamas.
Os Partidários do Estado Islâmico em Jerusalém reivindicaram no dia 8 de maio o lançamento de morteiros contra uma base do braço armado do Hamas perto de Khan Yunes (sul). Nos últimos dias, em dois comunicados diferentes dizem ter sido os autores do disparo de um foguete que caiu nos arredores da cidade israelense de Ashdod, e de um atentado com bomba no domingo contra o carro de um homem que, segundo eles, seria um funcionário de alto escalão das forças de segurança do Hamas.