Vinte e nove pessoas, incluindo seis policiais, ficaram feridas nesta quinta-feira no Cairo na explosão de um carro-bomba contra um edifício da polícia, um atentado reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
O ataque aconteceu em um bairro da zona norte da capital egípcia contra uma delegacia da Segurança do Estado, um serviço policial responsável principalmente por investigações de crimes contra os bens públicos.
"Um homem parou o carro bruscamente diante do edifício, saiu e subiu em uma moto, que iniciou a fuga", informou o ministério do Interior em um comunicado.
O veículo explodiu imediatamente depois: 23 civis e seis policiais ficaram feridos.
O muro ao redor do edifício de quatro andares desabou parcialmente e as janelas do imóvel vieram abaixo.
A bomba abriu uma cratera de um metro de diâmetro diante da entrada do prédio.
O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta quinta-feira o ataque em uma conta no Twitter verificada.
O EI afirma em uma nota que "soldados do Estado Islâmico conseguiram atacar, com ajuda de um carro-bomba, o edifício dos serviços de inteligência em pleno coração do Cairo".
O ataque pretendia "vingar os irmãos mártires", completa o texto, uma referência a seis homens enforcados em 17 de maio, depois que um tribunal militar os condenou à pena capital pelo assassinato de soldados.
O grupo Província do Sinai, o braço egípcio do EI, reivindica regularmente atentados e ataques contra policiais e soldados desde que o exército destituiu e prendeu, em 3 de julho de 2013, o presidente islamita Mohamed Mursi e passou a reprimir seus simpatizantes.
Centenas de policiais e soldados morreram nos últimos dois anos, principalmente na península desértica do Sinai, reduto deste grupo antes chamado Ansar Beit al-Maqdes e que jurou lealdade ao EI em 2014.
Os jihadistas iniciaram uma campanha de ataques em 2013, depois que o então comandante das Forças Armadas, Abdel Fatah al-Sisi - eleito presidente em maio de 2014 - destituiu e ordenou a detenção de Mursi, o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente no Egito.
O Ansar Beit al-Maqdes e outro grupo armado chamado Ajnad Misr iniciaram então uma campanha de atentados contra as forças de segurança, alguns deles executados no Cairo, em resposta à repressão aos partidários de Mursi.
Desde então, policiais e soldados mataram mais de 1.400 manifestantes pró-Mursi. Mais de 15.000 seguidores - essencialmente membros da Irmandade Muçulmana - foram detidos e centenas, incluindo o próprio Mursi, foram condenados à morte em processos sumários.
Desde que chegou ao poder e eliminou qualquer oposição do cenário político, o islamita, mas laico e liberal, marechal da reserva Al-Sisi é acusado pelas organizações internacionais de defesa dos direitos humanos de liderar um regime ainda mais repressivo que o presidido por Hosni Mubarak, expulso do poder em 2011.