Dezenas de colombianos deportados nos últimos dias na Venezuela atravessaram nesta terça-feira (25) o rio Táchira, na fronteira entre os dois países, para buscar parte dos pertences deixados do lado venezuelano.
As travessias ilegais acontecem devido ao fechamento unilateral de dois postos de fronteira promovido pelo presidente Nicolás Maduro, na última quarta (19). Dois dias depois, decretou estado de exceção em cinco cidades da região.
Segundo as autoridades colombianas, 1.113 cidadãos do país foram deportados desde sexta-feira (21). A maioria deles foi obrigada por soldados da Guarda Nacional Bolivariana a sair às pressas, sem poder levar suas coisas.
Devido ao temor de que seus objetos fossem destruídos ou recolhidos pelos soldados, dezenas de pessoas aproveitam a maré baixa e cruzaram o curso d'água com móveis e eletrodomésticos.
A maioria morava em favelas em San Antonio del Táchira. Em entrevista à imprensa colombiana, os deportados dizem que os soldados invadiram suas casas de forma truculenta e destruíram os barracos.
Com o estado de exceção, as autoridades podem invadir qualquer casa sem autorização judicial. A deportação é uma resposta ao que Maduro chama de ameaça de "grupos paramilitares de extrema direita" na fronteira.
Para ele, estes grupos permitem a entrada ilegal de pessoas, o tráfico e o contrabando de alimentos para a Colômbia. Na noite de segunda (24), Maduro disse que por ora não reabrirá a fronteira.
"A fronteira vai ficar fechada até que se restabeleça um mínimo de convivência, de respeito à legalidade, à vida e à economia. A Venezuela é vítima de paramilitares e do tráfico, do modelo capitalista da direita colombiana."
COLÔMBIA
Para fazer frente às deportações, as autoridades colombianas fizeram abrigos em Cúcuta para abrigar os cidadãos que vieram da Venezuela. No total, 864 adultos e 249 crianças deixaram a Venezuela.
Os últimos 42 entraram nesta terça pela fronteira em Paraguachón, a 521 km de Cúcuta. A Defensoria Pública do país também investiga o caso de 34 crianças venezuelanas que foram separadas de seus pais colombianos.
Em nota conjunta, os ministérios das Relações Exteriores e do Interior colombianos pediram aos dirigentes dos países que respeitem os deportados, não promovam o ódio e busquem mecanismos para combater a crise..
"As declarações de culpa personalizadas só geram sentimentos xenófobos que não beneficiam em nada os habitantes dos dois países e devemos ter cuidado para não cairmos neste erro."
E pediu cooperação das autoridades venezuelanas para resolver o caso. "Só com cooperação poderemos combater com êxito fenômenos como o contrabando e as quadrilhas que operam na fronteira."
Do lado venezuelano, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, disse que o problema das deportações é colombiano e defendeu que as fronteiras permaneçam fechadas até que "sejam retomadas as condições normais" da relação entre os dois países.