Chile recorda os 42 anos do golpe de Pinochet

Com a homenagem a Allende - que se suicidou em 11 de setembro de 1973, em meio ao bombardeio contra o La Moneda
Da AFP
Publicado em 11/09/2015 às 17:20
Com a homenagem a Allende - que se suicidou em 11 de setembro de 1973, em meio ao bombardeio contra o La Moneda Foto: Foto: MARTIN BERNETTI / AFP


O Chile lembra nesta sexta-feira (10) o golpe de Estado que derrubou em 1973 o governo de Salvador Allende instaurando a ditadura de Augusto Pinochet, ainda com dívidas na busca por verdade, justiça e reparação, disse a presidente chilena, Michelle Bachelet.

Apesar das expectativas dos grupos de direitos humanos e de setores da coalizão governante, o discurso de Bachelet terminou sem anúncios sobre uma prisão especial para repressores que desperta a rejeição dos familiares de desaparecidos.

"Ainda faltam entes queridos cujo paradeiros devemos saber, ainda existe verdade para conhecer e justiça para aplicar", disse a presidente de esquerda no Palácio de La Moneda, ao liderar a homenagem ao socialista Allende.

Bachelet pediu a "derrubada dos muros de silêncio que nos impedem de avançar, ainda há privilégios que o Chile de hoje em dia não tolera, a consciência do Chile exige que eles sejam superados".

"Eu me encarregarei de que o cumprimento da justiça seja igual para todos, é um compromisso inevitável que assumo pessoalmente", acrescentou a presidente, que viveu na própria pele a repressão militar, no que pode ser um aceno para as vozes que pedem o fechamento da prisão especial.

A prisão, localizada a 50 km de Santiago, abriga uma centena de ex-membros das Forças Armadas condenados por sequestro, tortura e assassinato das mais de 3.200 vítimas fatais deixadas pela ditadura de Pinochet (1973-1990).

Bachelet afirmou que o país se encaminha para alcançar "mais verdade, mais justiça e reparação", um futuro no qual tem um papel fundamental a nova Subsecretaria de Direitos Humanos, em trâmite no Congresso.

A presidente - que enfrenta níveis de aprovação historicamente baixos, 22%, segundo uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira - aproveitou o discurso para lembrar que seu país dará refúgio a famílias sírias, já que "os direitos humanos não têm fronteiras".

O governo chileno confirmou nesta terça-feira que trabalha em um plano para acolher famílias sírias, afetadas pela crise humanitária que atinge seu país.

Com a homenagem a Allende - que se suicidou em 11 de setembro de 1973, em meio ao bombardeio contra o La Moneda - começa um dia que terá vários atos em memória das vítimas da sangrenta ditadura de Pinochet e que anteriormente já registrou incidentes - que se repetem todos os anos - na periferia de Santiago.

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