Confrontos na Esplanada das Mesquitas antes do Ano Novo judeu

Uma testemunha muçulmana acusou a polícia de entrar no templo de uma forma muito mais agressiva que o necessário
Da AFP
Publicado em 13/09/2015 às 9:22
Uma testemunha muçulmana acusou a polícia de entrar no templo de uma forma muito mais agressiva que o necessário Foto: Foto: AHMAD GHARABLI / AFP


A polícia israelense entrou em confronto neste domingo com palestinos na mesquita Al-Aqsa, na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, horas antes do início do Ano Novo judeu, no último episódio de violência pelo acesso a este local sagrado para as duas religiões.

Os confrontos ocorreram depois que na semana passada o ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon, ilegalizou a atividade de dois grupos muçulmanos que abordavam os visitantes da Esplanada das Mesquitas, um lugar sagrado para ambos os cultos, o que gerou fortes tensões.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, condenou firmemente o ataque, enquanto o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que as autoridades devem evitar distúrbios no complexo.

Testemunhas palestinas afirmaram que a polícia israelense entrou na mesquita Al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islã, e provocou danos. Já a polícia explicou que se limitou a fechar as portas do templo para evitar que os manifestantes lançassem pedras e outros objetos.

Segundo a polícia, jovens manifestantes se entrincheiraram na mesquita de Al-Aqsa na noite de sábado com o objetivo de perturbar as visitas dos judeus ao local por ocasião do início das celebrações do Ano Novo, na noite deste domingo.

"Manifestantes mascarados que estavam na mesquita lançaram pedras e bombas contra a polícia", informava um comunicado da polícia. "Também foram encontrados na entrada da mesquita tubos que podiam carregar explosivos caseiros".

Uma testemunha muçulmana acusou a polícia de entrar no templo de forma agressiva e de provocar danos, afirmando que queimou parcialmente os tapetes de oração.

 

Visita de um ministro de extrema-direita

As autoridades expulsaram as pessoas do local, incluindo membros do Waqf islâmico, a organização jordaniana que administra a Esplanada, informou um porta-voz da organização.

O ministro israelense da Agricultura, Uri Ariel, de extrema-direita, estava entre as pessoas que visitaram a Esplanada posteriormente, informaram meios de comunicação locais.

"É a primeira vez que os guardas retiram todos", declarou à AFP o porta-voz do Waqf, Firas al-Dibs, acrescentando que dois guardas ficaram feridos por balas de borracha. "O diretor da mesquita de Al-Aqsa, Omar Kaswani, foi ferido e detido".

Os confrontos prosseguiram do lado de fora, nas ruas estreitas da Cidade Velha de Jerusalém, com a polícia lançando bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

O Crescente Vermelho palestino disse que 20 pessoas precisaram de atendimento médico.

Um jornalista da AFP foi testemunha da prisão de várias pessoas e de fortes mobilizações da polícia na cidade velha.

Abbas declarou que locais como Al-Aqsa constituíam uma das linhas vermelhas e que "não vamos ignorar os ataques contra nossos lugares sagrados".

Por sua vez, Netnayahu afirmou em um comunicado que Israel atuará "para manter o status quo e a ordem" na Esplanada, venerada pelos judeus como o Monte do Templo.

"É nossa responsabilidade e nosso direito agir contra os desordeiros para permitir a liberdade dos fiéis neste local sagrado", disse.

A Jordânia condenou o que descreveu como um ataque do exército de Israel. O Egito, o outro país árabe que assinou um tratado de paz com o Estado judeu, também condenou a atuação de Israel na Esplanada.

 

Local de confrontos

O ministro da Defesa decidiu proibir os grupos Murabitat e Murabitun - que afirmam defender a Esplanada das Mesquitas - para "defender a segurança do Estado, o bem-estar e a ordem pública".

Os não muçulmanos podem visitar o local, mas os judeus são proibidos de rezar ou de ostentar símbolos nacionais por medo de aumentar as tensões com os fiéis muçulmanos.

Os muçulmanos temem que Israel tente mudar as normas que governam o enclave, já que grupos de extrema-direita judeus exigem um maior acesso e organizações fanáticas pedem a construção de um novo templo.

Israel conquistou Jerusalém Oriental, onde se encontra a mesquita Al-Aqsa, durante a guerra dos Seis Dias de 1967, e mais tarde anexou a região ao seu território, uma medida jamais reconhecida pela comunidade internacional.

No fim de julho, a polícia israelense entrou pela primeira vez desde novembro de 2014 na Al-Aqsa ao combater palestinos, irritados pela entrada de judeus na Esplanada no dia anual de luto judeu.

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