Controles na fronteira entre Alemanha e Áustria, 'como nos anos 80'

Dois policiais controlam minuciosamente, uma a uma, as identidades dos passageiros dos veículos que entram na Alemanha
Da AFP
Publicado em 14/09/2015 às 17:40
Dois policiais controlam minuciosamente, uma a uma, as identidades dos passageiros dos veículos que entram na Alemanha Foto: Foto: ROBERT MICHAEL AFP


Helmut Zimmermann resmunga contra a polícia, enquanto espera, preso no engarrafamento provocado pelo restabelecimento dos controles na fronteira germano-austríaca devido à crise migratória: "É como nos anos 80", antes da livre circulação.

Buzinas e irritação: na ponte que une a Áustria e a Alemanha, entre Salzburgo e Freilassing, os motoristas redescobrem a paciência que era necessária antes da progressiva entrada em vigor, a partir de 1985, do Tratado Schengen, que permitiram aos europeus circular livremente de um país membro a outro.

Dois policiais controlam minuciosamente, uma a uma, as identidades dos passageiros dos veículos que entram na Alemanha. Os que são alvos de verificações ou de inspeções mais completas são orientados a se dirigir a outros agentes, que esperam mais adiante.

"Mas as coisas não podem funcionar assim, com apenas dois policiais!", critica Zimmermann, de 71 anos, que regularmente vai se abastecer de cigarros e gasolina na vizinha Áustria devido aos preços mais baixos.

"Não imaginei que isso estivesse tão mal organizado", acrescenta.

Nenhum refugiado ou migrante é visto a centenas de metros dali, a pé ou de carro. No entanto, o objetivo destes controles não é impedir sua passagem, mas lidar com a situação de forma mais ordenada, segundo o governo, assim como deter mais facilmente os atravessadores.

 


Um fluxo maciço de refugiados

Em pouco mais de uma semana, dezenas de milhares de migrantes chegaram à região alemã da Baviera (sul) através da já famosa rota dos Bálcãs, que leva da Turquia à Alemanha estes candidatos ao asilo, em particular sírios que fogem da guerra em seu país.

Na noite de domingo, várias pessoas que transportavam migrantes em troca de dinheiro foram detidas. Mas a partir desta segunda-feira a polícia não informou sobre outros casos deste tipo.

Fazer contrabando humano, diante destes controles, seria estúpido, afirma um policial.

Mas para Zimmermann, que vive nesta região, os controles nas estradas não vão mudar as coisas, já que a região é repleta de florestas e de caminhos ocultos.

"A fronteira verde é muito permeável. Muita gente passou por ali nos últimos dias. Há pouco tempo, minha mulher viu durante a manhã vários homens com pele escura saindo da floresta", afirma.

A eficácia dos controles pouco importa a Rudolf Winthofer, um taxista transfronteiriço. Ele se importa em perder dinheiro com estes engarrafamentos.

"Nunca demorou tanto" para passar pela fronteira. "Jamais vivi algo assim", reclama este homem de 56 anos, que em seu micro-ônibus leva diariamente alunos de Salzburgo à Baviera. E o período que passa bloqueado no trânsito representa tempo - e dinheiro - perdidos para fazer outros percursos.

Winthofer não é o único a se queixar da perda de dinheiro. A Baviera está no centro de "muitos eixos de transporte europeus", lembra à AFP Sebastian Lechner, diretor-geral da federação bávara de empresas de transporte. Além disso, todo o tráfego de caminhões provenientes da Itália passa pela Áustria.

Ele prevê atrasos consideráveis nos transportes rodoviários nas próximas semanas e diz estar preocupado com as repercussões no setor de logística.

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