O governo sérvio protestou oficialmente nesta quarta-feira (16) contra o uso por parte da Hungria de gás lacrimogêneo contra migrantes e anunciou o reforço de policiais em sua fronteira comum.
"Decidi enviar reforços policiais ao ponto de passagem na fronteira coma Hungria para evitar novos distúrbios entre migrantes e a polícia húngara", anunciou o ministro do Interior, Nebojsa Stefanovic, em um comunicado.
Dezenas de migrantes conseguiram, depois de mais de uma hora de distúrbios com a polícia, entrar em território húngaro a partir da Sérvia, na passagem fronteiriça de Röszke, apesar dos policiais que tentavam conter o avanço.
Os migrantes conseguiram arrancar o alambrado levantado através das duas vias de acesso à Hungria e avançaram dispostos a enfrentar as forças de segurança húngaras.
A polícia húngara tentou impedir usando gás lacrimogêneo depois que migrantes jogaram pedras e garrafas contra seus agentes.
A polícia húngara também fez uso de jatos de água contra os migrantes.
Segundo a polícia, cerca de 20 agentes ficaram feridos no choque com os refugiados revoltados.
Quase 500 migrantes estavam no local durante a tarde e 300 participaram nos distúrbios, aos gritos de "Freedom, freedom" (Liberdade, liberdade) e jogando objetos contra os policiais húngaros.
Crianças e adultos choravam após o uso do gás e os policiais sérvios, que observavam a cena sem intervir, foram obrigados a usar lenços para evitar o gás lacrimogêneo.
Dois helicópteros húngaros, um do exército e outro da polícia, sobrevoavam o local.
Além disso, três veículos militares armados húngaros chegaram à fronteira com a Sérvia.
Os veículos Humvee se posicionaram a uma distância de cerca de 200 metros da fronteira, perto da passagem de Röszke.
Este é o primeiro incidente do tipo constatado desde que Budapeste fechou completamente a fronteira com a Sérvia para evitar a entrada de refugiados, na segunda-feira à noite.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, criticou o tratamento que a Hungria está dispensando aos imigrantes, que considerou inaceitável, e pediu que a dignidade humana seja respeitada.
"Foi chocante ver como estes refugiados e migrantes eram tratados. É inaceitável", disse Ban em uma coletiva de imprensa em resposta a uma pergunta sobre confrontos entre policiais e migrantes nas fronteiras húngaras.