Segundo informações oficiais, os abalos e o tsunami, que atingiram cidades a cerca de 300 quilômetros ao norte da capital Santiago, deixaram 11 mortos. Há cinco anos, o número de vítimas fatais ultrapassou 500.
De acordo com o diretor do Centro de Estudos Sísmicos da Universidade do Chile, Sérgio Barrientos, o terremoto de 2015 foi menos intenso, com magnitude de 8,3, contra os 8,8 do terremoto de 2010.
Essa diferença reduziu, segundo o especialista, à metade a zona de influência do terremoto, para cerca de 200 quilômetros de comprimento e 100 quilômetros de largura, produzindo um deslocamento das placas tectônicas entre cinco e seis metros.
Como comparação, o terremoto de 2010 produziu um deslocamento de 20 metros das placas tectônicas.
"Quanto maior a ruptura, maior é o deslocamento vertical do terreno do fundo do oceano, e portanto também é maior o tsunami que ele vai produzir. No caso de 2010, o deslocamento da falha alcançou 20 metros, ao passo que neste ano foi bem menor, perto de seis metros", afirmou o especialista.
Os técnicos da Universidade do Chile trabalham neste momento para verificar riscos de novos tremores de terra de grandes proporções. "Outro terremoto na mesma região é pouco provável", diz.
Na costa da região de Coquimbo chegaram ainda na noite desta quarta (16), ondas de quase 4,5 metros de altura. Mais do que elevadas, essas ondas chegam ao litoral como uma forte correnteza, arrastando carros e construções. Em Tongoy, cidade litorânea de Coquimbo, casas distantes da costa foram alagadas.
Segundo recorda Barrientos, as ondas deste ano, porém, foram menores do que as que chegaram à costa da região de Bio Bio em 2010 e que alcançavam quase 30 metros.
Bem mais povoada do que Coquimbo, Bio Bio acabou registrando a maior parte das mortes em razão do maremoto que se seguiu ao tremor de terra. A capital da região, Concepción, é a segunda mais populosa do Chile, com quase 2 milhões de habitantes. Já Coquimbo tem pouco mais de 700 mil habitantes.
Outro fator, porém, foi o alerta imediato dado pela Marinha chilena de risco de tsunami. Em 2010, a Marinha foi responsabilizada por ter demorado a acionar o alerta, possibilitando que o tsunami pegasse de surpresa os moradores das áreas costeiras.
Segundo o Ministério do Interior chileno, 1 milhão de pessoas foram deslocadas das áreas costeiras. A recomendação era de que os moradores se abrigassem em locais 30 metros acima do nível do mar.
"Vendo o estado das casas após o tsunami, se não tivéssemos esvaziado a área teríamos muito mais mortes do que tivemos", afirmou a presidente Michele Bachelet, durante visita a Tongoy, em Coquimbo.