A coalizão da oposição síria no exílio anunciou neste domingo que boicotará as discussões preliminares de paz propostas pela ONU, devido ao apoio militar da Rússia ao regime de Bashar Al-Assad.
A Coalizão Nacional "decidiu não participar dos grupos consultivos de trabalho e considera que a retomada do processo de negociações deve ser baseada na adesão ao acordo de Genebra (de 2012) e nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU, assim como no fim da agressão russa", informou este grupo em um comunicado.
O Acordo de Genebra abarca o tratado alcançado na conferência de paz de 2012, que prevê a formação de um governo de transição.
A oposição considera que este governo deve excluir Assad, mas o regime entende que a partida do presidente não faz parte da agenda de negociações.
O mediador das Nações Unidas, Staffan de Mistura, propôs em julho formar grupos de trabalho com representantes do governo e da oposição para realizar consultas sobre temas como a proteção dos civis e a reconstrução do país, devastado por mais de quatro anos de guerra civil.
A oposição se diz decepcionada pelo caráter meramente consultivo das discussões propostas e neste domingo anunciou sua decisão de boicotá-las, após vários dias de reuniões na Turquia, onde tem sua base.
A Coalizão considerou também que a campanha de bombardeios aéreos lançada em 30 de setembro pela Rússia em apoio das forças de Assad é incompatível com a permanência de Moscou no Conselho de Segurança da ONU e com seu papel de participante no processo de paz na Síria.
"A agressão russa constitui uma violação da lei internacional e um apoio a um regime que mata civis, comete crimes de guerra, genocídio e crimes contra a humanidade", defende o comunicado da coalizão.
Os bombardeios russo "minam as possibilidades de sucesso de uma solução política" na Síria.