O partido eurocético Lei e Justiça reivindicou a vitória nas eleições polonesas deste domingo (25), em um pleito que pode ser um divisor de águas para a maior economia do centro-leste da Europa - colocando a Polônia em rota de colisão com aliados-chave na União Europeia.
O Lei e Justiça, liderado por Jaroslaw Kaczynski -irmão gêmeo do ex-presidente Lech Kaczynski-, teve 39,1% dos votos, segundo o instituto de pesquisas Ipsos; o Plataforma Cívica (PC), partido pró-mercado, pró-União Europeia e de centro-direita, há oito anos no poder, teve 23,4% dos votos.
Se os dados do Ipsos estiverem corretos, a vitória do Lei e Justiça seria a mais ampla desde as primeiras eleições livres na Polônia, depois da queda do regime comunista, em 1989.
Kaczynski, cujo partido conservador já sinalizou que deve implantar uma nova tributação aos bancos e prometeu ampliação de gastos sociais, declarou vitória na noite deste domingo (25). "Precisamos mostrar que a vida pública polonesa pode ser diferente", disse aos apoiadores em seu centro de campanha, em Varsóvia.
A Polônia, um país de 38 milhões de habitantes, viu sua economia crescer quase 50% na última década sob a liderança do Plataforma Cívica, partido alinhado ao mercado, à ajuda da UE e à prudência fiscal.
Mas a estagnação e bolsões de pobreza se mantiveram e serviram de estopim para uma frustração explorada pelo Lei e Justiça no pleito deste ano.
Segundo a agência Reuters, o partido vencedor se opõe a uma entrada da Polônia na zona do euro e pretende destacar valores católicos na lei local.
Sua vitória pode indicar que o país se alinhe a países como Hungria e Eslováquia, que se opõem à entrada de migrantes do Oriente Médio e do norte da África na Europa, o que pode aprofundar divisões na União Europeia.
Kaczynski já disse que migrantes muçulmanos ameaçam o estilo de vida católico da Polônia –no começo do mês, foi acusado de racismo ao dizer que os refugiados poderiam trazer novas doenças e parasitas ao país.
Ainda segundo as apurações do Ipsos, dois novos partidos devem ganhar assentos no parlamento polonês: o liberal Nowoczesna, liderado pelo ex-economista do Banco Mundial Ryszard Petru, com 7% dos votos; e o Kukiz'15, do músico de rock Pawel Kukiz, com 9% dos votos.