A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou nesta quinta-feira (5) que o bombardeio americano que deixou 30 mortos em um hospital em Kunduz, no Afeganistão, em 3 de outubro passado, tinha o objetivo de "matar e destruir".
Em um relatório apresentado em Cabul, a MSF afirma que não havia qualquer combatente armado no estabelecimento médico quando ocorreu o ataque.
Segundo o documento, os bombardeios duraram aproximadamente uma hora.
De acordo com a MSF, O hospital estava em plena atividade, atendendo as vítimas dos confrontos entre rebeldes talibãs e militares afegãos.
Para Christopher Stokes, diretor-geral da MSF, o bombardeio visava a "matar e destruir", como demonstram os disparos feitos, provavelmente de um avião, (contra) pessoas que tentavam fugir do hospital".
"Um funcionário da MSF foi decapitado por fragmentos resultantes dos bombardeios", segundo o documento.
O general americano John Campbell, chefe da missão da Otan no Afeganistão, admitiu que houve um bombardeios dos Estados Unidos, mas afirmou que o mesmo foi feito a pedido do exército afegão, que afirmava haver talibãs escondidos no prédio.
A MSF afirma que suas equipes transmitiram as coordenadas exatas do hospital aos exércitos afegão e americano antes do bombardeio e que avisou aos Estados-Maiores quando as primeiras bombas começaram a cair.
A ONG acrescenta ter recebido um SMS de uma fonte da Otan que dizia "lamentar" o bombardeio contra o hospital. Sete minutos depois, outro dirigente da Otan afirmou que "faria todo o possível", acrescentou: "Rezo por vocês".
Atualmente são realizadas três investigações, uma americana, uma afegã e uma da Otan.
No entanto, no prefácio do relatório da MSF, sua presidente, Joanne Liu, pede novamente que "uma comissão internacional humanitária" investigue o ocorrido.