Com a retomada dos controles nas fronteiras por um mês a partir desta sexta-feira, a França se prepara pra garantir a segurança da Conferência sobre o Clima de Paris (COP21), um verdadeiro "quebra-cabeça" para as forças de ordem.
Quase um ano depois dos atentados que deixaram 17 mortos em Paris, em janeiro passado, o governo francês tenta enfrentar pelo menos dois desafios de segurança da COP21, que acontece de 30 de novembro a 11 de dezembro na periferia norte da capital: a proteção das 195 delegações oficiais e a manutenção da ordem nas manifestações que acontecerão paralelamente.
Em 30 de novembro é esperada a presença de 117 chefes de Estado e de governo na cúpula que vai abrir a Conferência, entre eles os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Xi Jinping.
Sobre as manifestações, a atenção das autoridades se concentra na marcha de mobilização da "coalizão clima", em 29 de novembro, em Paris, e em várias outras cidades francesas, com a participação de milhares de pessoas.
Um grande trabalho de informação foi feito para a chegada a Paris de militantes ambientalistas hostis a vários projetos de grandes obras, como um novo aeroporto em Notre-Dame-des-Landes (oeste), um centro turístico em Roybon (centro) e a linha ferroviária de alta velocidade Lyon-Turim. As autoridades temem que grupos violentos participem da marcha.
'Não há missão impossível'
A França decidiu restabelecer os controles de suas fronteiras durante um mês, possibilidade que existe nos acordos do Espaço Schengen, a zona de livre circulação interna que inclui 26 países europeus. O país já fez isso na época da cúpula da Otan em 2009 e da reunião do G20 em Cannes, em 2011. A Dinamarca tomou a mesma medida para a COP de Copenhague em 2009 e a Polônia para a de Varsóvia em 2013.
"Não se trata de um fechamento das fronteiras, mas de restabelecer os controles. Isso consiste em realizar nas fronteiras francesas os controles habitualmente realizados nas fronteiras de Schengen, é como se as fronteiras se aproximassem nesse espaço de tempo", explica o ministério do Interior francês.
Concretamente, serão feitos controles nos 285 "pontos de passagem transfronteiriços" da França (estradas, rios, aeroportos, trens), mas "não haverá mobilização de forças nas fronteiras".
A polícia de fronteira, reforçadas com reservistas, sem contar os agentes de alfândegas, "já está presente". "A diferença é que controlará", mas "não fará controles totalmente sistemáticos".
Foram definidos dois períodos de tempo de "alta intensidade", de 25 a 29 de novembro e de 8 a 12 de dezembro. No sudeste, nesses dias, serão feitos controles especiais nos túneis que unem a Itália e a França. Haverá também controles de identidade "sistemáticos" em todos os pontos de entrada para a França a partir da Espanha.
O governo francês anunciou no início de setembro que 1.500 policiais, guardas e bombeiros seriam mobilizados diretamente nas instalações que recebem a conferência em Le Bourget e nos arredores para garantir a segurança das delegações e dos 35.000 visitantes diários esperados.
"É uma média", e haverá seguramente mais nos "momentos fortes", por exemplo em 29 de novembro, véspera da conferência, ou em 12 de dezembro, quando as delegações irão embora, explicou uma fonte dos serviços de segurança.
"Estamos em um país que foi alvo de terrorismo" e "sabemos muito bem o quanto o contexto é difícil", reconheceu em meados de setembro o Secretário-Geral de organização da COP21, Pierre-Henri Guignard.
O dispositivo de segurança "é às vezes um quebra-cabeça", mas "não é missão impossível, porque tudo foi muito bem preparado com antecipação", disse um oficial de segurança.