O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deixou de lado o discurso de que o relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada) é fruto de perseguição contra a Rússia para, nesta quinta-feira (12), cobrar que as autoridades esportivas do seu país também investiguem as denúncias de doping sistemático no atletismo russo.
Em encontro em Sochi, sede dos Jogos Olímpicos de Inverno do ano passado, Putin demonstrou preocupação com o caso. Ele ordenou que o ministro dos Esportes, Vitaly Mutko, e "todos os colegas ligados ao esporte" que conduzam uma investigação interna a respeito das denúncias e que cooperem plenamente com os organismos internacionais antidoping. "A luta contra o doping no esporte, infelizmente, continua a ser uma questão premente e requer uma interminável atenção", disse.
Sem negar a consistência das denúncias do relatório da Wada, Putin mostrou-se contrário ao pedido pelo naquele documento: que os atletas russos do atletismo sejam proibidos de participar dos Jogos Olímpicos do Rio, no ano que vem.
Ele argumenta que isso puniria também os atletas que não fazem uso de doping. "É absolutamente claro que os atletas que se mantém longe do doping não podem ser responsáveis. Estou confiante de que os atletas russos são honestos e limpos, que nunca usaram doping e ninguém tem o direito de tirá-lo deles a oportunidade de participar da Olimpíada."
Depois de o relatório ser divulgado, na segunda-feira, o chefe do laboratório de análises antidoping de Moscou, Grigory Rodchenkov entregou sua carta de demissão a Mutko. De acordo com o ministro a Rússia está pronta para colocar um estrangeiro no comando do laboratório, "se isso for necessário". O local perdeu o credenciamento da Wada, o que na prática significa que suas análises não são válidas para determinar se um atleta se dopou ou não.
O relatório divulgado na segunda-feira pela Wada aponta que Rodchenkov destruiu 1.417 amostras colhidas de atletas russos antes de o laboratório ser inspecionado por uma equipe da Wada. O governo russo, entretanto, defende Rodchenkov, alegando que a destruição contou com o aval da Wada e foi realizada porque as amostras não podem ser guardadas para sempre.