O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, admitiu nesta segunda-feira (16) que os ataques terroristas em Paris foram um "revés terrível e repugnante" na luta contra o Estado Islâmico, mas rechaçou as críticas segundo as quais os EUA deveriam mudar ou expandir sua campanha militar contra os extremistas.
"A estratégia que estamos levando adiante é a estratégia que ao fim funcionará", afirmou Obama durante entrevista à imprensa, no encerramento de dois dias de conversas com líderes globais, na Turquia. "Isso levará tempo."
O presidente mostrou-se irritado em meio a repetidas perguntas sobre se teria subestimado a força do Estado Islâmico. Segundo ele, a maioria dos críticos estão simplesmente "falando como se fossem durões", sem oferecer ideias reais. Além disso, Obama também rechaçou as sugestões de alguns para enviar tropas em solo na região, dizendo que isso "seria um erro" e que não funcionaria a menos que os EUA estivessem comprometidos a ser uma força de ocupação permanente na região. "Isso não é uma abstração", afirmou. "Quando você envia tropas, essas tropas se ferem. Elas morrem."
Obama não citou nenhum crítico em particular, mas alguns pré-candidatos republicanos à presidência pediram o envio de soldados dos EUA para a Síria. Em vez de mudar a estratégia, ele disse que os EUA intensificariam a campanha atual de ataques aéreos e de armar e treinar as forças moderadas. Ele pediu que outras nações aumentem seu envolvimento na luta contra os extremistas.
O presidente também anunciou um novo esforço para compartilhar informações de inteligência com a França, após os ataques neste país que mataram pelo menos 129 pessoas. Autoridades disseram que os EUA já haviam usado informações de inteligência para ajudar a França a identificar alvos. O presidente norte-americano disse que os EUA sabiam do desejo do Estado Islâmico de atacar fora do Oriente Médio, mas que não havia recebido informação indicando que um ataque em Paris era provável. "Eu não estava ciente de nada tão específico", comentou.
Obama disse ainda que seria um erro igualar os ataques como os de Paris com o Islã. Segundo ele, porém, a comunidade muçulmana precisa fazer mais para garantir que os jovens "não sejam infectados" com crenças extremistas. O líder argumentou que os EUA fazem sua parte, ao aceitar refugiados da Síria e do Iraque, e que era "vergonhoso" que líderes políticos pedissem testes de religião para refugiados. Os pré-candidatos republicanos Jeb Bush e Ted Cruz têm dito que qualquer ajuda dos EUA a refugiados do Oriente Médio deve se concentrar primariamente nos cristãos que fogem de perseguição.