O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva expressou o desejo de que o partido de esquerda radical Podemos tenha êxito nas eleições gerais de 20 de dezembro na Espanha. "Tem muitas semelhanças com o PT quando conquistou sua primeira prefeitura: ambições, vontade, e isto é extraordinário", disse Lula em uma entrevista ao jornal El País. "Você pensa que vai fazer tudo. Depois descobre que surgem problemas com as instituições, com a burocracia. Mas gostaria que tivessem êxito", completou, antes de afirmar que o partido liderado por Pablo Iglesias é "uma extraordinária novidade".
Lula afirmou que não deseja fazer uma análise da política espanhola, mas admitiu que as próximas eleições "estão muito interessantes", já que "pela primeira vez não existe a dualidade (entre os socialistas e os conservadores do) PSOE e PP", que se alternam no poder desde 1982. O ex-presidente também comentou a situação no Brasil ao afirmar que o processo para um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff "não tem nenhuma base legal ou jurídica, não tem sentido".
"O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, atua por vingança contra o PT, de uma maneira irresponsável, sem levar o país em consideração", disse Lula, em meio a uma crise política política e econômica. Apesar das turbulências econômicas, Lula afirmou estar convencido de que os milhões de brasileiros que saíram da pobreza durante seus mandatos "não voltarão" à situação anterior.
"Ao invés de comer carne todos os dias, comerão arroz um dia, por assim dizer. Isto é passageiro", disse, antes de insistir que "quando acabarem todas estas turbulências, a presidente deveria estimular uma política de crédito para financiar empresas e milhões de pequenos empresários, inclusive os trabalhadores. Se não, a economia ficará bloqueada".
Ao ser questionado se disputará as eleições de 2018, Lula afirmou que gostaria que fosse outra pessoa. "Mas se tiver que me candidatar para evitar que alguém acabe com a inclusão social conseguida estes anos, eu o farei".