O ex-presidente da Volkswagen Martin Winterkorn, que pediu demissão em setembro, quando explodiu o escândalo dos motores com software que adulterava resultados de testes, continua contratado pelo grupo e recebendo um salário de milhões de euros, informa a imprensa da Alemanha.
O contrato, que vai até o fim de 2016, não foi encerrado e Winterkorn continua recebendo de acordo com os termos do contrato, informaram o jornal econômico Handelsblatt e o programa Frontal 21 do canal público ZDF, que realizaram uma investigação conjunta.
O jornal e a emissora citam fontes próximas ao conselho de vigilância da Volkswagen. O contrato de Winterkorn, que comandou a Volkswagen entre 2007 e 2015, depois de ocupar outros cargos importantes no grupo, prevê um salário mínimo de 1,62 milhão de euros, além de muitos bônus elevados.
Winterkorn recebeu em 2014 mais de 15 milhões de euros, o que fez dele o executivo com melhor remuneração entre as 30 empresas que integram o índice DAX da Bolsa de Frankfurt. "Não há motivo para não pagar os bônus", afirmaram as fontes ouvidas pelo Handelsblatt e pelo programa Frontal 21. Isto significa que Winterkorn receberá em 2015 mais de 10 milhões de euros.
Os dois meios de comunicação destacaram que o contrato segue em vigor para evitar uma "batalha jurídica prejudicial" para a imagem da empresa. Winterkorn, 68 anos, apresentou sua renúncia poucos dias depois da revelação, em setembro, do escândalo dos motores manipulados.
O grupo Volkswagen, que inclui 12 marcas e tem um volume de negócios anual de 200 bilhões de euros, admitiu que havia instalado nos motores a diesel de 11 milhões de veículos um programa capaz de falsificar os resultados dos testes de controle de poluição.
Winterkorn assumiu a responsabilidade pela fraude, mas afirmou que não sabia de nada antes da revelação pela imprensa, uma versão aceita pelo conselho de vigilância da VW. Ao mesmo tempo, os funcionários alemães da Volkswagen não receberão os bônus em 2016, segundo a empresa.