O vice-presidente americano, Joe Biden, criticou nesta quarta-feira (9), em Jerusalém, os líderes palestinos que se recusam a condenar a violência contra israelenses que acompanha sua visita desde sua chegada na terça.
Os Estados Unidos "condenam esses atos e condenam aqueles que não os condenam", declarou Biden à imprensa ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O chefe de Estado israelense pediu para que a comunidade internacional condenasse o silêncio observado, segundo ele, pelo presidente palestino, Mahmud Abbas
Biden deve se reunir com Abbas em Ramallah no início da noite.
Israel, Jerusalém e os territórios palestinos registraram desde o início da visita de Biden pelo menos seis ataques anti-israelenses que fizeram um morto - um turista americano - e uma dúzia de feridos. Sete agressores palestinos foram mortos, segundo a polícia.
Um desses ataques, registrado na terça-feira, ocorreu em Tel Aviv a poucos minutos de distância de onde Biden era recebido pelo ex-presidente Shimon Peres. "Minha esposa e dois dos meus netos estavam jantando na praia não muito longe de onde aconteceu" o incidente, relatou Biden.
Nesta quarta de manhã, dois palestinos de 20 anos abriram fogo contra um ônibus em um setor ultra-ortodoxo judaico, e depois perto da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, parte palestina de Jerusalém anexada e ocupada por Israel. Os dois atacantes foram mortos.
Um homem de 50 anos, talvez um palestino, ficou gravemente ferido nos tiroteios. A polícia procura determinar se a vítima foi atingida por projéteis dos atacantes ou da polícia.
'Deve parar'
Na Cisjordânia ocupada, um palestino foi morto depois que tentou esfaquear membros das forças israelenses, segundo o exército.
As autoridades de segurança israelenses disseram que os ataques não parecem coordenados, mas não excluíram a possibilidade de a visita de Biden ter dado ideias a alguns.
"Esse tipo de violência que vimos ontem, a ausência de condenação (da violência), a retórica que encoraja a violência, as represálias que suscita, tudo isso deve parar", disse Biden.
Após os novos ataques, o governo israelense decidiu acelerar a construção da barreira de segurança em torno de Jerusalém e na Cisjordânia, segundo autoridades do governo.
Os territórios palestinos e Jerusalém são cenário desde 1º de outubro passado de uma onda de violência que deixou 188 palestinos, 28 israelenses, dois americanos, um eritreu e um sudanês mortos.
O conflito entre Israel e Palestina foi anunciado como um dos temas na agenda de Biden, bem como a situação na vizinha Síria, o Irã e a renovação da ajuda militar americana a Israel por dez anos.
Neste contexto, Biden afirmou que os Estados Unidos tomarão medidas se for confirmado que o Irã usou mísseis balísticos de longo alcance.
"Quero reiterar isso, já que sei que há pessoas que ainda duvidam. Se eles romperem o acordo, vamos agir", assinalou Biden, referindo-se ao acordo nuclear alcançado em julho de 2015.
Mas sobre o conflito israelense-palestino, relegado a uma posição secundária nas prioridades americanas, a Casa Branca já havia indicado que o vice-presidente não apresentaria uma nova iniciativa.
Desta forma, as perspectivas de uma solução para o conflito parecem mais distantes do que nunca.
Netanyahu voltou a criticar o presidente palestino por não condenar os ataques e denunciou a "incitação permanente ao ódio na sociedade palestina que glorifica a matança de inocentes".
No entanto, os israelenses temem que a administração Obama, por falta de avanços no conflito israelense-palestino, rompa com o apoio histórico a Israel em instâncias internacionais como no Conselho de Segurança da ONU.
As relações entre os governos de Obama e de Netanyahu são notoriamente tensas, apesar das tentativas de assegurar a força da aliança entre os dois países.
"Nunca duvidem do apoio dos Estados Unidos a Israel", garantiu Biden.
Os dois homens nada disseram sobre a decisão de Netanyahu de declinar o convite para um encontro com o presidente Barack Obama em 18 de março.
Por fim, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, afirmou que seu país não reconhecerá "automaticamente" um Estado palestino em caso de fracasso de um proposta de organizar uma conferência internacional para relançar o processo de paz. Israel já rejeitou a iniciativa.