Barack Obama é recepcionado com protestos em Cuba

Grupo Damas de Branco acusa presidente de apoiar governo ditatorial e sem acesso aos direitos humanos; Político foi a Havana para selar relações entre os dois países
AFP
Publicado em 20/03/2016 às 17:10
Grupo Damas de Branco acusa presidente de apoiar governo ditatorial e sem acesso aos direitos humanos; Político foi a Havana para selar relações entre os dois países Foto: Foto: Internet/Reprodução


 

O presidente norte-americano Barack Obama foi recebido em Havana, capital de Cuba, com uma série de protestos. O político desembarcou no país neste domingo, dando  início da primeira e histórica viagem de um presidente dos Estados Unidos à ilha comunista em 88 anos. O avião presidencial pousou às 16H25 (horário local) no aeroporto internacional José Marti e objetivo da viagem é selar reaproximação entre os dois países. 

A poucas horas da chegada do presidente em Havana, dezenas de ativistas liderados pelas Damas de Branco que protestavam contra o governo comunista foram detidos e levados a veículos por agentes do Estado. Ao fim da marcha que as Damas de Branco costumam fazer aos domingos na capital cubana, e que dessa vez contou com a participação de outros opositores, grupos do governo encurralaram os manifestantes.

Quase no mesmo momento a polícia apareceu. As Damas de Branco e os ativistas da dissidência foram levados à força em direção aos ônibus em meio a gritos de "gusanos" (anticastristas) vindos de apoiadores do governo. Danilo Maldonado e Berta Soler, líder das Damas de Branco, estão entre os detidos.

"Obama está sendo cúmplice de um governo, de uma ditadura", disse Maldonado uma hora antes de ser detido.

Os dissidentes costumam ser levados a veículos oficiais e liberados pouco depois. Nenhuma autoridade no local falou com a imprensa para explicar os motivos da operação.

A Polícia cubana, que não interrompeu o protesto das Damas de Branco, usou a força para conduzir vários homens aos ônibus. Pelo menos dois deles foram postos contra uma cerca e algemados.

Com a chegada da polícia, as mulheres se sentaram no chão para tentar evitar as detenções, em meio aos gritos dos manifestantes favoráveis ao governo, que as chamavam de "mercenárias" e "gusanas" (anticastristas).

Dos ônibus, os opositores pediram por "liberdade".

Críticas - As Damas de Branco se concentraram no Parque Mahatma Gandhi da Quinta Avenida de Havana, próximo à igreja de Santa Rita, para repudiar o governo comunista antes de assistir à missa e marchar em silêncio.

Jornalistas de várias partes do mundo que estão em Havana por causa da visita de Obama acompanharam a manifestação, repleta de críticas ao presidente dos Estados Unidos por sua suposta condescendência com o governo de Raúl Castro. 

"Obama chegou em um momento em que não deveria ter vindo", disse Soler.

Dirigindo-se ao presidente, acrescentou: "você disse que viria se houvesse avanços em direitos humanos, e isso não aconteceu". 

Em uma carta dirigida há oito dias a Damas de Branco, organização criada pelas esposas dos presos políticos e considerada ilegal em Cuba, Obama prometeu que trataria diretamente com Castro os "obstáculos" aos direitos humanos na ilha.

Entre outras atividades que marcarão a volta de um presidente dos EUA à ilha depois de 88 anos, Obama prevê reunir-se com dissidentes e fazer um discurso ao povo cubano, que será transmitido ao vivo pela televisão.

Cuba, que nega ter presos políticos e atribui as detenções a infrações do direito penal, antecipou que não negociará com os Estados Unidos qualquer mudança em sua política como consequência da visita de Obama.

Muito crítica ao presidente americano, Soler disse acreditar que Obama "exija que o governo cesse a violência e dê anistia aos presos políticos".

A ativista, que está entre os convidados para reunir-se com Obama, pediu também para que os EUA condicione qualquer "negócio" em Cuba em relação aos direitos humanos.

 

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