Três pessoas morrem de tuberculose a cada minuto no mundo e apenas 2% dos pacientes têm acesso aos novos medicamentos - é o alerta feito por diversas associações às vésperas do Dia Internacional da Luta contra a Tuberculose.
Segundo a coalizão PLUS, que reúne diversas associações de luta contra a aids, mais de 9 milhões de pessoas contraíram tuberculose e 1,5 milhão morreram em decorrência deste mal em 2014.
"As pessoas que vivem com hiv são particularmente expostas à tuberculose, a mais frequente das doenças oportunistas ligadas à aids e a primeira causa de mortalidade entre as pessoas soropositivas", aponta a coalizão PLUS em comunicado, antes de ressaltar que a situação é preocupante na África, mas também na Romênia, "onde casos de resistência se multiplicam por falta de acesso aos tratamentos e cuidados".
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) lamenta que dois anos após a aprovação, duas novas moléculas - a Bedaquilina e a Delamanida - que permitem tratar pacientes acometidos com tuberculose multirresistente aos tratamentos mais frequentes - sejam administradas a apenas 2 dos pacientes que necessitariam.
"Após meio-século de tentativas, nós temos enfim novos medicamentos que poderiam salvar os pacientes em estado mais grave e é muito frustrante não poder propor esses remédios a todos os pacientes que realmente precisam", explica Joseph Tassew, coordenador médico da MSF na Rússia, um dos países mais afetados pelos casos de tuberculose multirresistente.
Segundo a MSF, os tratamentos mais utilizados contra as formas de tuberculose custam hoje em dia entre 1.800 e 4.600 dólares por paciente, muito menos do que os custos em 2011 (entre 4.400 e 9.000 dólares).
"Entretanto, o acréscimo de dois novos medicamentos e outras moléculas necessárias para a composição de um tratamento eficaz pode novamente aumentar este custo", explica a MSF, que milita para que os laboratórios proponham preços "viáveis" a todos os países em desenvolvimento assim como aos mais afetados pela tuberculose.
"A tuberculose e tratável; ela é hoje em dia a doença infecciosa mais fatal no mundo", ressalta Grania Brigden, especialista em tuberculose da Campanha de Acesso aos Medicamentos Essenciais (CAME) da MSF.
A coalização PLUS estima por sua vez que "a aceleração da resposta mundial é indispensável" e convida os presidentes francês, François Hollande, e sul-africano, Jacob Zuma, que devem se encontrar nesta terça-feira em Lyon, "a se mobilizarem mais para responder à luta contra a tuberculose e o hiv, verdadeiras catástrofes sanitárias mundiais".