Sobrevivente de atentados de Boston, Paris e Bruxelas se diz afortunado

Mason Wells, que deve se recuperar quase totalmente de seus ferimentos após um longo período de convalescença, contou que aguardava próximo ao mostrador da companhia aérea americana Delta quando o primeiro suicida detonou os explosivos que levava consigo
Da AFP
Publicado em 25/03/2016 às 14:29
Mason Wells, que deve se recuperar quase totalmente de seus ferimentos após um longo período de convalescença, contou que aguardava próximo ao mostrador da companhia aérea americana Delta quando o primeiro suicida detonou os explosivos que levava consigo Foto: Foto: PHILIPPE HUGUEN /AFP


Um jovem americano salvou-se dos atentados de Boston e Paris e ficou ferido na explosão das bombas no aeroporto de Bruxelas. Apesar de ter presenciado três tragédias, Mason Wells se considera "muito afortunado".  A primeira explosão no aeroporto de Bruxelas, na terça-feira, causou ferimentos nas pernas deste missionário mórmon de 19 anos, além de queimaduras graves, algumas no rosto.

"Meus pais sempre me disseram que tudo acontece por uma boa razão e não sei porque estive nestes locais toda vez" - em Boston em 2013, em Paris em novembro de 2015 e em Bruxelas na terça-feira -, relatou calmamente este jovem da cama onde convalesce, com a cabeça enfaixada, à emissora americana CNN.

"Estava nestes locais onde certas coisas aconteceram. Sinto que o plano de Deus é muito maior do que a gente imagina", acrescentou o jovem mórmon à ABC.

"Minha fé tem me guiado por toda a minha vida, me permitiu crescer e ter experiências. Não sei porque estava nestes locais, mas o que sei é que cada vez fui atendido por pessoas extraordinárias, que me apoiaram e agradeço a elas", prosseguiu.

Mason Wells, que deve se recuperar quase totalmente de seus ferimentos após um longo período de convalescença, contou que aguardava próximo ao mostrador da companhia aérea americana Delta quando o primeiro suicida detonou os explosivos que levava consigo.

"Fiquei consciente todo o tempo", explicou o missionário. "Tinha tirado meu iPad para checar uma coisa quando a primeira bomba explodiu. O barulho foi realmente muito forte. Não sabia de onde vinha, não esperava por isso".

"Explodiu à minha direita e acho que o meu corpo foi tirado do chão. O iPad que tinha nas mãos, não sei, simplesmente desapareceu... Talvez tenha batido na minha cabeça quando escapou das minhas mãos. O mesmo aconteceu com o relógio que estava no pulso esquerdo; desapareceu. Meu sapato esquerdo explodiu e senti em grande parte do meu corpo, do lado direito, um calor muito forte, depois frio. Fiquei coberto de fluidos, muito sangue e muito sangue que não era meu".

Estado de choque

"Depois de sentir calor e frio, vi fogo na minha frente e em volta de mim. Havia chamas por todos os lados", disse Wells. O jovem, procedente do estado de Utah (oeste) estimou que se encontrava a 10 ou 15 metros da bomba quando explodiu.

"Demorei talvez um segundo, meio segundo para perceber que uma bomba tinha explodido. Meu corpo entrou em estado de choque completo, sabia que estava ferido, [mas] não sabia se era grave. Encontrei uma saída e comecei a caminhar para a porta por onde tínhamos entrado, mas quase três ou quatro segundos depois da primeira, a segunda bomba explodiu. Senti a onda expansiva à minha direita, mas não acho que tenha sido atingido dessa vez", contou, lentamente.

Mason Wells estava há umas seis semanas em Bruxelas e acompanhava um amigo no aeroporto. "Sou tão afortunado... Vi outras pessoas perto de mim que foram muito mais afetadas. Rezo por elas, é meu único pensamento neste momento porque sei que tive sorte e que talvez todo mundo não tenha tido a mesma sorte que eu", acrescentou o jovem missionário.

Em abril de 2013, Wells estava em Boston para ver a mãe correr a maratona, quando duas bombas explodiram perto da linha de chegada, provocando a morte de três pessoas. Ele estava a cerca de um quarteirão das explosões, contaram familiares a meios de comunicação americanos. Ele também estava em Paris em 13 de novembro durante os atentados em que morreram 130 pessoas.

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