Esta terça-feira(26) nos lembra de um passado que de pretérito só tem o fato de ter tido o estopim há 30 anos. Na noite do dia 26 de abril de 1986 aconteceu, em Chernobyl, na Ucrânia, o maior acidente nuclear que a humanidade já vivenciou. Mortes, doenças, terras devastadas e vidas, ou sopros de vidas, que ainda hoje lutam para superar as consequências. Por intermédio da ONG Internacional União por Chernobyl, o conheceu algumas dessas histórias de quem sobreviveu com o corpo, mas que viu morrer, além de parentes e amigos, toda uma existência deixada nas ainda hoje áreas abandonadas.Todos os contatos foram feitos por e-mail ou rede social.
Vídeo mostra como aconteceu o acidente:
Além do impacto direto nas pessoas que estavam no local, outras acabaram sendo enviadas pelos governos para que atuassem na descontaminação do local. Foram mais de 670 mil “liquidadores” — como elas eram chamadas. O engenheiro químico Vladimir Evdochenko, hoje com 57 anos, foi enviado pela União Soviética três anos após o acidente. Ele conta que quase nenhuma informação era passada sobre os perigos de entrar no ambiente contaminado. “Por mais que estivéssemos todos em alerta, o que era passado era que o risco de doença por contaminação seria mínimo depois de tanto tempo. Quase não existia proteção”, recorda.
No entanto, mesmo passado tanto tempo, o corpo de Vladimir cobra todos os dias o custo por ter sido exposto. “Fui diagnosticado com um câncer de tireoide em 1995 e outro em 2004. Após anos de tratamento eles foram retirados e hoje estou bem, mas preciso me submeter a acompanhamento a cada três meses”, relata ele, que já perdeu por conta de tumores dois amigos “liquidadores”. Por quatro anos o engenheiro desempenhou a função.
Casos que se somam e fazem das estatísticas algo assustador. Antes do acidente, havia na região 82 casos de doenças desse tipo para cada 100 mil habitantes, atualmente, são seis mil doentes para cada 100 mil pessoas. A autora Svetlana Alexievich, em "As Vozes De Tchernóbil - A História Oral Do Descarte Nuclear", descreve ainda que a mortalidade nos últimos dez anos cresceu 23%. "Por velhice, morre apenas uma pessoa em catorze; a maioria dos óbitos ocorre entre adultos de 46 e 50 anos, idade perfeitamente apta ao trabalho”, assevera.