A trégua acertada entre o regime e os rebeldes em Aleppo (norte), segunda cidade síria em importância, foi prorrogada novamente por 48 horas, anunciou o comando do exército na noite desta segunda-feira, enquanto Rússia e Estados Unidos unem esforços em busca de uma solução.
"O 'regime de silêncio' é prorrogado por 48 horas em Aleppo e sua província, a partir da 01h00 de terça-feira (19h00 de segunda-feira, horário de Brasília) até a meia-noite de quarta-feira" local (18h00 de terça-feira em Brasília), informou um comunicado do exército.
Incentivadas pela suspensão dos bombardeios, muitas famílias retornaram às suas casas e as escolas reabriram no setor da cidade controlado pelos rebeldes.
Em outras partes da Síria, como a província de Idleb (noroeste), controlada pelo braço local da Al-Qaeda, pelo menos dez civis, três deles crianças, morreram nesta segunda-feira devido aos bombardeios do regime, que também provocaram vários feridos graves, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
É a segunda vez que a trégua instaurada na quinta-feira passada, incentivada pela Rússia e pelos Estados Unidos, é prorrogada na grande cidade setentrional síria, dividida em um setor sob domínio governamental e outro rebelde.
No sábado foi prorrogada pela primeira vez e expirava à 00h01 local de terça (18h00 de segunda-feira em Brasília).
Nesta segunda, Rússia e Estados Unidos se comprometeram a "intensificar os esforços" em prol de uma saída política para o fim da guerra na Síria e tentar estender ao conjunto do país este cessar-fogo da região de Aleppo, enquanto apoiadores da oposição pedem "garantias".
Antes da trégua e suas prorrogações, combates deixaram trezentos mortos em Aleppo desde 22 de abril, segundo o OSDH.
Acordo entre Rússia e Estados Unidos
"A Federação da Rússia e os Estados Unidos estão decididos a redobrar esforços para alcançar uma solução política do conflito sírio", destaca um comunicado conjunto dos dois países, publicado no site do Ministério russo das Relações Exteriores.
Os dois lados enfatizam os "avanços" na observância do cessar-fogo, mas admitem "dificuldades" persistentes "em determinadas áreas", bem como "problemas de acesso humanitário às áreas sitiadas".
"Por isso, decidimos confirmar o nosso compromisso" com a cessação das hostilidades na Síria e "intensificar os nossos esforços para garantir sua aplicação a nível nacional", afirma o documento.
A Rússia promete "trabalhar com as autoridades sírias para reduzir o número de operações aéreas em áreas essencialmente povoadas por civis, ou que fazem parte do cessar-fogo".
Já os Estados Unidos prometem "aumentar o apoio e assistência aos seus aliados regionais para ajudar a evitar a circulação transfronteiriça de combatentes, armas, ou recursos financeiros para organizações terroristas".
A ONU tenta há meses mediar uma solução negociada para um conflito que já deixou, desde março de 2011, mais de 270.000 mortos e um êxodo de milhões de pessoas.
Na semana passada, as forças do governo e grupos rebeldes instauraram uma trégua temporária em Aleppo (norte), apoiada por Moscou e Washington, após o cessar-fogo vigente desde o fim de fevereiro na segunda maior cidade síria.
Momento crítico para a Síria
Também nesta segunda o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, insistiu em que as negociações de paz inter-sírias devem ser retomadas "o mais rapidamente possível".
"Expressamos a vontade de que se retomem as negociações o mais rapidamente possível", afirmou Ayrault, exigindo "garantias concretas sobre a manutenção da trégua" e o acesso de ajuda humanitária no terreno, depois de uma reunião em Paris com representantes de países que apoiam a oposição síria.
De acordo com o ministro francês, uma reunião do Grupo de Apoio Internacional para a Síria (GISS), integrado por 17 países - entre os que apoiam o governo, como Irã e Rússia, e outros, a oposição - "deve acontecer na semana que vem em Viena".
Ayrault acusou o governo de Damasco de ser responsável por "inúmeras violações da trégua", de bloquear os comboios humanitários" e de "não ter demonstrado a menor vontade de avançar" durante as conversas de Genebra.
A ONU tenta há meses mediar uma saída negociara para um conflito que desde março de 2011 deixou 270.000 mortos e causou o êxodo de milhões de pessoas, que buscam refúgio em outros países.
Também nesta segunda-feira, na Eslováquia, um agente de alfândega baleou uma refugiada síria quando o carro em que viajava perto da fronteira com a Hungria não parou apesar dos tiros de advertência. A mulher de 26 anos foi operada com êxito, e teve a bala retirada das costas.