OFENSIVA

Artilharia pesada líbia bombardeia Estado Islâmico em Sirte

As forças do governo também assumiram o controle do acesso marítimo para Sirte, impedindo que os extremistas fujam por mar da ofensiva

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Publicado em 10/06/2016 às 18:56
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As forças do governo também assumiram o controle do acesso marítimo para Sirte, impedindo que os extremistas fujam por mar da ofensiva - FOTO: MAHMUD TURKIA / AFP
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A artilharia pesada das forças pró-governamentais líbias bombardeava nesta sexta-feira (10) o grupo Estado Islâmico (EI) em seu reduto de Sirte (centro-norte), depois de ter conseguido entrar nessa cidade que permanece cercada.

As forças leais ao governo de união nacional, apoiado pela comunidade internacional, informaram no Facebook e no Twitter que "os disparos de artilharia pesada estão visando a posições do EI nos arredores do centro de conferências de Uagadugu".

 

Um correspondente da AFP no local viu dezenas de veículos 4x4 ao longo da estrada que une o oeste da cidade com esse complexo, onde o EI instalou seu comando. As tropas estão atacando com tanques, lança-foguetes e artilharia pesada, enquanto combatem no centro da cidade.

"Era uma guerra com aviões e artilharia. Agora, se transforma em uma combate no chão", disse à AFP um combatente das forças pró-governo, que não quis se identificar.

"Lutamos casa a casa e não recuaremos até eliminá-los", acrescentou.

Na véspera, as forças do governo conseguiram entrar na cidade com o objetivo de reconquistá-la nos próximos dias.

A perda de Sirte representará um enorme revés para o EI, em um momento em que o grupo extremista enfrenta uma grande ofensiva apoiada pelos americanos e pelos russos no Iraque e na Síria. É nesses dois países que o grupo se encontra mais bem estabelecido.

Mesmo que Sirte venha a cair, porém, "o EI continuaria presente [na Líbia] por intermédio de grupos que atuam no deserto, ou de ataques terroristas em Trípoli, ou Misrata", comenta o especialista Mattia Toaldo, do "think tank" European Council on Foreign Relations.

Essa ofensiva contra a cidade portuária localizada 400 km a leste de Trípoli é realizada pelas forças terrestres, aéreas e marítimas. O movimento permitiu às forças do GNA avançar até o centro da cidade, principalmente nos arredores do centro de conferência Uagadugu, no qual o EI instalou um posto de comando.

As forças do governo também assumiram o controle do acesso marítimo para Sirte, impedindo que os extremistas fujam por mar da ofensiva das autoridades.

Em 12 de maio passado, as forças leais ao GNA anunciaram o começo da ofensiva para expulsar o EI da faixa costeira de cerca de 200 km de comprimento, controlada desde 2015 pelos extremistas.

Desde então, retomaram Abu Grein (130 km a oeste de Sirte), a base aérea de al-Gordabia, a usina termelétrica de Sirte e três quartéis localizados a 20 km do centro da cidade.

E, na quinta (9), os militares anunciaram a retomada de Harawa, uma das três cidades mais importantes da região, 70 km a leste de Sirte.

O número de extremistas presentes em Sirte não é conhecido, mas serviços estrangeiros estimam em 5.000 homens a força do EI na Líbia. Da mesma forma, não é possível determinar o número de civis ainda presentes na cidade.

Em três semanas de ofensiva, 115 combatentes foram mortos, e 300 ficaram feridos, de acordo com Aziz Issa, do hospital em Misrata.

Dessa grande cidade, situada 150 km ao oeste de Sirte, decola a maioria dos aviões e helicópteros usados na ofensiva. Boa parte das milícias que compõem as forças leais ao governo de unidade também procedem de Misrata.

Outras unidades do Exército mantêm sua lealdade ao governo paralelo instalado no leste do país, o qual não reconhece a legitimidade do Executivo de unidade nacional.

Simbolicamente, os combatentes pró-GNA destruíram as estruturas de um quadro de avisos em Sirte, o qual o EI usava para expor, em posição de crucificação, pessoas executadas, de acordo com imagens divulgadas nas redes sociais.

As forças do GNA são compostas, principalmente, por combatentes das milícia de Misrata (150 km a oeste de Sirte) que aderiram ao governo de unidade liderado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj.

Elas são apoiadas pelos guardas das instalações petrolíferas no "Crescente petrolífero", uma região cobiçada pelo EI que, em várias ocasiões, tentou assumir o controle desses recursos energéticos.

Esses guardas lançaram uma ofensiva na direção de Sirte pelo leste e conseguiram recuperar a cidade de Ben Jawad, a 160 km de Sirte, assim como Nofliya.

Segundo o porta-voz desses agentes, eles lançarão outro ataque, "nas próximas horas", pelo leste de Sirte.

O enviado das Nações Unidas para a Líbia, Martin Kobler, deu a entender que forças especiais americanas e francesas estão na Líbia para ajudar na luta contra os extremistas. Essa presença não foi confirmada oficialmente.

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