A principal rota de abastecimento do grupo Estado Islâmico (EI) entre Síria e Turquia ficou bloqueada depois que forças curdas e árabes cercaram completamente a cidade de Manbij, um duro golpe para os extremistas.
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No plano humanitário, a Cruz Vermelha síria e a ONU anunciaram que foi fornecida ajuda - sobretudo, alimentar - a Duma, cidade rebelde sitiada pelas forças do governo Bashar al-Assad, ao nordeste de Damasco.
Nesse complexo conflito, que castiga a Síria há mais de cinco anos, o cerco se fecha sobre o EI, grupo extremista mais temido do mundo e responsável por terríveis atrocidades no Iraque e na Síria, bem como letais atentados em todo o mundo.
Nesta sexta, a coalizão árabe-curda das Forças Democráticas Sírias (FDS) cortou "a última rota entre Manbij e a fronteira turca nesta manhã", disse à AFP o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.
"Os terroristas do EI estão agora completamente sitiados (em Manbji) e sem saída", tuitou Brett McGurk, representante dos Estados Unidos na coalizão anti-EI.
Manbij era o cruzamento estratégico na principal rota de abastecimento de combatentes, armas e dinheiro para o EI entre Turquia e Raqa (norte), capital de fato desses radicais na Síria.
O Estado Islâmico ainda controla uma faixa da fronteira com a Turquia e rotas secundárias, de acesso mais difícil e perigoso, acrescentou Abdel Rahman.
Mais de 200 mortos
Desde que lançaram sua ofensiva em 31 de maio, as FDS, apoiadas pelos ataques da coalizão liderada pelos Estados Unidos, cortaram as rotas que ligam Manbji às zonas controladas pelo EI na Síria, as de Jarablus, ao norte; a de Raqa, a capital dos extremistas no sudeste; a de Al Baba, ao sudoeste; e, finalmente, a que leva à fronteira de Al Rai, ao noroeste.
As FDS retomaram 79 povoados e aldeias nos arredores de Manbij, durante os combates que deixaram ao menos 218 mortos: 159 extremistas, 22 combatentes das FDS e 37 civis. Esses últimos morreram, em sua maioria, em ataques da coalizão, segundo o OSDH.
Milhares de habitantes fugiram de Manbij quando os extremistas, que expulsaram suas famílias, entrincheiraram-se para defender a cidade, completou o Observatório.
Comboio de ajuda
Na quinta-feira à noite (9), um comboio de ajuda humanitária entrou pela primeira vez desde o cerco a Daraya.
"Nove caminhões estão atualmente descarregando em Daraya. Contêm ajuda alimentar, alimentos secos e sacos de farinha, ajuda não alimentar, bem como ajuda médica", afirmou o diretor de Operações do Crescente Vermelho sírio, Tammam Mehrez.
Damasco sempre se negou a deixar entrar comida em Daraya, uma das primeiras cidades a se revoltar contra o governo.
Nesta sexta, um dia depois da chegada da ajuda, a Aviação síria lançou mais de 20 barris explosivos sobre a cidade, segundo o OSDH e relatos de militantes.
"A distribuição não começou por causa dos intensos bombardeios", declarou à AFP o militante Shadi Matar, que é contra o governo.
Pelo menos 8.000 pessoas, de acordo com o OSDH e o conselho local, e 4.000, segundo a ONU, ainda vivem nesta cidade, e muitas estão subnutridas. A ONU estima que cerca de 592.700 pessoas vivem nas 19 áreas e cidades sitiadas. Em algumas, como Madaya, a fome tem matado civis.
No início dessa semana, o Comando Militar americano para o Oriente Médio indicou que a ofensiva de Manbij fazia parte dos esforços dirigidos a "expulsar o Daesh [acrônimo do EI em árabe] da fronteira turca", assim como "a limitar a chegada de combatentes estrangeiros e minimizar a ameaça do Daesh contra Turquia, Europa e Estados Unidos".
Há semanas, o EI enfrenta na Síria a ofensiva das FDS e das tropas do governo Al-Assad, apoiadas pela Força Aérea russa.
As múltiplas ofensivas ilustram a determinação dos russos e dos americanos, que apoiam atores diferentes do conflito, de unir seus esforços na luta contra o EI.