Após Brexit, britânicos terão novo premiê em 9 de setembro

O substituto de Cameron será, a princípio, responsável por apresentar à União Europeia o pedido de divórcio depois do Brexit
AFP
Publicado em 28/06/2016 às 15:51
O substituto de Cameron será, a princípio, responsável por apresentar à União Europeia o pedido de divórcio depois do Brexit Foto: Foto: Odd ANDERSEN / AFP


O substituto do primeiro-ministro britânico David Cameron será anunciado em 9 de setembro, informou nesta terça-feira (28) o Partido Conservador, enquanto a oposição trabalhista entrou numa verdadeira guerra com uma moção de censura contra o seu líder, Jeremy Corbyn, que, no entanto, recusou-se a renunciar.

O substituto de Cameron será, a princípio, responsável por apresentar à União Europeia o pedido de divórcio depois do Brexit.

Os líderes do bloco expressaram claramente que aguardam o pedido oficial de Londres para dar início às negociações, e que não haverá qualquer tipo de concessão.

O prazo para apresentar candidaturas para substituir Cameron é de apenas 24 horas, entre quarta e quinta-feira.

Inicialmente, os 'tories' tinham a intenção de apresentar seu novo líder, que assume automaticamente o governo, em 2 de setembro. "Mas, para assegurar a plena participação dos afiliados, a liderança do partido recomendou que a data da nomeação do líder seja 9 de setembro", segundo um comunicado.

Cameron, de 49 anos, renunciou na sexta-feira após o referendo que ele mesmo convocou.

A lista de candidatos será liderada, se forem confirmadas as previsões dos especialistas, por Boris Johnson, deputado e ex-prefeito de Londres, que liderou a campanha do Brexit, e a candidata de Cameron, a ministra do Interior Theresa May, que militou pela permanência na UE, embora fosse originalmente eurocética.

O ministro das Finanças, George Osborne, já descartou a possibilidade de brigar pelo cargo.

Outro possível candidato seria o ministro da Agricultura, Jeremy Hunt, que em um artigo em um jornal propôs um segundo referendo, uma vez fixada a nova relação com a UE, que a seu ver deve preservar o acesso ao mercado único europeu.

Votação sem legitimidade

Do lado trabalhista, o líder opositor Jeremy Corbyn afirmou que não renunciará apesar de ter perdido uma moção de censura nesta terça-feira, com 172 votos contra ele e 40 a favor por causa do resultado do referendo do Brexit.

A moção não obriga Corbyn, de 69 anos, a abandonar o cargo, já que deveria ser ratificada pelos afiliados do partido.

Mas o coloca em uma situação muito difícil o experiente político socialista, acusado de falta de liderança durante a campanha do referendo.

"Fui eleito democraticamente líder do nosso partido para uma nova forma de fazer política, por 60% dos membros trabalhistas e seus partidários, e não vou traí-los mediante uma renúncia. A votação dos deputado não tem qualquer legitimidade", afirmou Corbyn em um comunicado.

A moção de censura deve ser ratificada por uma maioria dos 150.000 afiliados ao partido.

Corbyn chegou à liderança do Labour em setembro passado, após o fracasso das últimas eleições gerais.

Líderes sem apoio interno

A atual crise política britânica mostra a tempestade provocada pelo Brexit, que expôs as profundas feridas territoriais, sociais e geracionais no país.

O Reino Unido está dividido em dois, e esta divisão também afeta os dois partidos que o representam. Cerca de 37% dos eleitores trabalhistas votou a favor do Brexit, posição contrária a linha oficial do partido.

Corbyn conta, segundo as pesquisas, com o apoio da base do partido. Se estes se mobilizarem e barrarem a moção de censura, poderia haver um verdadeiro paradoxo, com os trabalhistas mantendo um líder que não tem apoio parlamentar suficiente.

A atmosfera dentro do partido é "catastrófica", admitiu o deputado Chuka Umunna.

Do lado conservador, um político como Johnson, que goza de uma boa imagem popular, segundo as pesquisas, também poderia encontrar resistência dentro da maioria conservadora na Câmara dos Comuns (330 membros) para negociar a saída da UE.

A solução, para trabalhistas e conservadores, seria novas eleições gerais. Mas uma campanha eleitoral, além de provocar novos debates acalorados, paralisaria sem dúvida as negociações com a UE.

A chanceler alemã Angela Merkel declarou antes da cúpula de Bruxelas que a opção "à la carte" para o Reino Unido está totalmente descartada.

A única que mantém o bom humor é a rainha Elizabeth II. "Em todo caso, ainda estou viva", brincou a monarca, de 90 anos, durante a sua primeira aparição pública desde o 

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