Sonda Juno da Nasa entrará nesta terça em órbita de Júpiter

A sonda impulsionada por energia solar, realizará uma série de 37 sobrevoos em torno de Júpiter
AFP
Publicado em 04/07/2016 às 12:37
A sonda impulsionada por energia solar, realizará uma série de 37 sobrevoos em torno de Júpiter Foto: Foto: Robyn Beck / AFP


Cinco anos depois de seu lançamento, a sonda Juno, da Nasa, entrará nesta terça-feira (5) na órbita de Júpiter para tentar desvendar os mistérios do maior planeta do Sistema Solar, escondido sob uma espessa camada nebulosa.

"Chegaremos a Júpiter, algo difícil de conseguir", declarou à imprensa o chefe científico da missão, Scott Bolton, do Southwest Research Institute de San Antonio (Texas).

A sonda de quase quatro toneladas, impulsionada por energia solar, realizará uma série de 37 sobrevoos em torno de Júpiter, a maior parte sobre a espessa camada nebulosa, durante uma missão científica de 18 meses.

Os sobrevoos de Juno serão muito mais próximos do planeta gigante que o recorde anterior de 43.000 km estabelecido pela sonda americana Pioneer 11, em 1974.

Nesta terça, às 03h18 GMT (00h19 de Brasília) - e ainda 4 de julho, dia da Independência nos Estados Unidos -, Juno, que avança a 64 km por segundo, acionará seu motor principal durante 35 minutos para frear seu trajeto de maneira a ser capturada pela gravidade de Júpiter e ficar em uma órbita polar de 53,5 dias.

Dada a distância entre Júpiter e a Terra, 869 milhões de quilômetros, o sinal de rádio de confirmação do acionamento do motor chegará aos controladores de voo 48 minutos depois, às 4h06 locais (1h06 de Brasília).

Depois das duas primeiras voltas de 53,5 dias, Juno se colocará, a partir de outubro, em uma órbita de 14 dias, que a fará passar sucessivamente perto dos dois polos.

Durante seus sobrevoos, os instrumentos da sonda penetrarão a espessa camada de nuvens para estudar as gigantes auroras boreais, sua atmosfera e sua magnetosfera.

"Juno se aproximará de Júpiter a uma distância sem precedentes, para revelar seus mistérios", destacou a responsável pelo programa da Nasa, Diane Brown.

Um dos principais objetivos da missão será compreender melhor do que é composto o interior, até agora inobservável, do planeta gigante.

Nove instrumentos a bordo

Juno, uma missão de 1,1 bilhão de dólares lançada no dia 5 de agosto de 2011, também vai cartografar os campos gravitacionais e magnéticos de Júpiter para determinar sua estrutura interna.

Os nove instrumentos da sonda, entre eles vários europeus (incluindo franceses e italianos), também vão medir as emissões radiométricas da atmosfera profunda do planeta, o que permitirá conhecer sua composição, sua estrutura metálica e seu ambiente ionizado.

"Hoje não se sabe se Júpiter possui ou não um núcleo central", explicou Tristan Guillot, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e membro da equipe científica da missão Juno, ressaltando que a sonda permitirá fazer "medições 100 vezes mais precisas".

Juno não apenas deve ajudar a descobrir os segredos que cercam Júpiter, como também fornecerá novos índices sobre as condições que imperavam no momento do início do sistema solar, quando o planeta estava em formação.

Os responsáveis pela missão advertiram sobre os riscos potenciais para Juno ao se aproximar tanto do planeta. Mencionam principalmente a camada de hidrogênio - 90% da atmosfera - submetida a uma pressão tão grande que atua como um poderoso condutor elétrico.

Segundo os cientistas, este fenômeno combinado com a rápida rotação de Júpiter - um dia no planeta dura apenas 10 horas terrestres - geram um campo magnético muito potente que cerca o planeta e que pode ameaçar a sonda.

Para se proteger das fortes radiações, Juno possui uma sólida armadura de titânio que cobre seus instrumentos eletrônicos, seu computador de bordo e seus cabos elétricos. Com 172 quilos, esta abóbada reduzirá as exposições às radiações 800 vezes em comparação com a parte não protegida.

Juno leva a bordo três estatuetas da LEGO feitas de alumínio. Elas representam Júpiter, o rei dos deuses na mitologia romana, sua esposa e irmã Juno, e Galileu, o cientista italiano que descobriu as quatro grandes luas de Júpiter.

Há mais de 20 anos, a missão Galileu da Nasa permitiu estudar as luas de Júpiter, entre elas a Europa, dotada de um oceano de água sob sua espessa camada de gelo, onde podem existir organismos vivos.

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