Centenas de venezuelanos cruzam fronteira com a Colômbia para comprar comida

O cruzamento de pedestres se iniciou pouco depois das 6h através das pontes internacionais Francisco de Paula Santander e Simón Bolívar
Estadão Conteúdo
Publicado em 10/07/2016 às 16:15
O cruzamento de pedestres se iniciou pouco depois das 6h através das pontes internacionais Francisco de Paula Santander e Simón Bolívar Foto: Foto: GEORGE CASTELLANOS / AFP


Centenas de venezuelanos cruzaram neste domingo a fronteira com a Colômbia para comprar comida e remédios. A abertura temporária das fronteiras foi autorizada pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em meio a uma severa crise de desabastecimento de bens básicos e quase um ano depois de um decreto que exigiu o fechamento dos postos.

O cruzamento de pedestres se iniciou pouco depois das 6h da manhã (mesmo horário de Brasília) através das pontes internacionais Francisco de Paula Santander e Simón Bolívar em direção à cidade colombiana de Cúcuta. A jornada transcorre pacificamente.

A abertura da fronteira por um prazo de 12 horas ocorre cinco dias depois de centenas de mulheres venezuelanas driblarem a segurança na região para ir a Cúcuta comprar alimentos e remédios. Depois de várias horas em território colombiano, as mulheres regressaram ao seu país com bolsas cheias de comida e cantando o hino da Venezuela.

O governo Maduro caracterizou o ato como um "show midiático", supostamente orquestrado pelos adversários do governo para gerar violência em povoados fronteiriços.

O governador do Estado venezuelano de Táchira, José Vielma Mora, afirmou neste sábado que a oposição planejava montar outro "show midiático" neste domingo para passar ao mundo "uma falsa imagem de crise humanitária" no país.

"O presidente Nicolás Maduro ordenou que não quer nenhum ferido, ninguém morto, não quer show. Se amanhã (domingo) um grupo de pessoas quiser cruzar a fronteira, não vamos criar problemas, não vamos enfrentá-lo", afirmou Mora.

Negociação

Em agosto de 2015, Maduro ordenou o fechamento dos postos fronteiriços com a Colômbia depois da morte de três militares e um civil em uma operação contra o contrabando no povoado de San Antonio del Táchira. Na esteira deste decreto, as autoridades expulsaram mais de 1 mil colombianos que viviam ilegalmente na Venezuela.

O fechamento das fronteiras começou no Estado de Táchira e logo se estendeu para Zulia, Apure y Amazonas.

Na quarta-feira (6), o presidente colombiano Juan Manuel Santos encarregou sua chanceler, María Ángela Holguín, a desenhar um "plano de rota ante uma eventual abertura da fronteira" com a Venezuela. No mesmo dia, Maduro disse que seu governo esperava avançar junto às autoridades da Colômbia na definição de novos planos de segurança para combater o contrabando e outros delitos que se registraram na fronteira de 2,2 mil quilômetros.

Também na semana passada, os ministros da Defesa de ambos os países se reuniram em Caracas e acordaram "reanimar" a cooperação em matéria de segurança de fronteiras, para seguir combatendo "fortemente o crime organizado".

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