Milhares de venezuelanos cruzam a fronteira para fazer compras na Colômbia

A mobilização maciça ocorre após a reabertura das passagens fronteiriças, que o governo venezolano havia fechado há 11 meses
AFP
Publicado em 17/07/2016 às 17:06
A mobilização maciça ocorre após a reabertura das passagens fronteiriças, que o governo venezolano havia fechado há 11 meses Foto: Foto: SCHNEYDER MENDOZA / AFP


Dezenas de milhares de venezuelanos cruzaram neste domingo a fronteira com a Colômbia desde cedo em busca de alimentos, artigos de higiene pessoal, remédios e outros produtos que não se conseguem em território venezuelano.

A mobilização maciça ocorre após a reabertura das passagens fronteiriças, que o governo venezolano havia fechado há 11 meses.

As pessoas se dirigiram à cidade colombiana de Cúcuta, através das pontes internacionais Simón Bolívar e Francisco de Paula Santander, que ligam San Antonio e Ureña (Venezuela) ao Norte de Santander (Colômbia).

Durante as primeiras quatro horas de abertura da fronteira neste domingo, entraram na Colômbia mais de 35.000 cidadãos venezuelanos, segundo dados da Subdireção de Controle Migratório da Colômbia.

O diretor-geral de Migração da Colômbia, Christian Krüger, disse que se espera a entrada de mais de 75.000 estrangeiros procedentes da Venezuela, que serão atendidos com dois grupos especiais de oficiais migratórios no departamento (estado) Norte de Santander.

"Durante o dia de ontem (sábado) entraram de forma regulada e ordenada mais de 44.000 cidadãos venezuelanos, pelos três pontos que temos habilitados. E para hoje, esperamos que esta cifra supere os 75.000 registros", indicou Krüger.

Às 07H00 locais (08H00 de Brasília) começou a travessia irrestrita de pessoas provenientes não apenas do estado fronteiriço de Táchira, na Venezuela, mas procedentes de outras regiões, como Falcón, Lara, Carabobo e até de Caracas, constatou a AFP.

"Estou feliz e contente porque vou comprar o que preciso para a minha casa, porque não sou milionária e preciso comprar alimentos com bom preço e não com o preço de 'bachaqueo' (contrabando), como na Venezuela. Vou buscar papel higiênico, manteiga, óleo, arroz, leite, o que puder", declarou Coromoto Ramírez, comerciante de 45 anos.

A professora aposentada Elena Bautista, de 54 anos, disse que "é uma alegria ver este mar de pessoas e vamos em busca de comida e de passar um momento divertido, porque vamos fazer isso também".

Ela acrescentou que cruza a fronteira para comprar "porque na Venezuela não se consegue nada. Eu moro em Rubio (Táchira), e lá não há comida".

Elio Camacho, de 27 anos, disse ter viajado de Barquisimeto (Lara, a 580 km da passagem fronteiriça) para se abastecer de alimentos e remédios. "Viajei sete horas, mas consegui o que procurava", afirmou, enquanto voltava ao território venezuelano com as compras.

Obrigado por "nos abrir as portas" da Colômbia

O fluxo de pessoas era controlado pela Guarda Nacional Venezuelana e pela polícia do estado de Táchira, assim como por autoridades consulares e pela polícia colombiana.

Há um controle migratório para entrar na Colômbia, onde se solicita a identidade na metade da ponte fronteiriça, tornando lento o ingresso de quem vem da Venezuela. Apesar disso, pessoas como Coromoto Ramírez agradeceram ao governo colombiano "por nos abrir as portas" do seu país.

A reabertura da fronteira, após quase um ano fechada, tinha sido anunciada para este domingo. No entanto, no sábado foi aberta a passagem por ordem do governo do presidente venezolano Nicolás Maduro, o que levou milhares de pessoas a viajar para a cidade colombiana de Cúcuta para comprar comida e remédios.

Uma primeira abertura temporária da fronteira foi realizada em 10 de julho, o que levou 35.000 moradores da Venezuela, assolados pelo desabastecimento em seu país, a fazer compras no país vizinho.

O fechamento da fronteira foi decretado por Maduro em agosto de 2015, após um ataque de supostos paramilitares colombianos com uma patrulha militar venezuelana, que deixou três feridos na cidade de San Antonio, o que também gerou tensões entre os dois governos.

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