Dez pessoas morreram, e pelo menos 20 ficaram feridas, em um tiroteio nesta sexta-feira (22) em um shopping de Munique (sul da Alemanha) - informou a Polícia, que se referiu a um ato "terrorista".
A Polícia disse acreditar que o atirador estava, "muito provavelmente", sozinho e se suicidou. Mais cedo, um representante da Corporação anunciou à imprensa que "até três autores" do tiroteio estavam sendo procurados.
O estado de alerta foi suspenso pela Polícia, que se mantém "prudente". Durante o alerta, a Polícia pediu aos habitantes da terceira maior cidade da Alemanha, com 1,5 milhão de habitantes, que não saíssem de casa, enquanto os possíveis suspeitos estivessem foragidos.
As ruas se esvaziaram rapidamente, bares e cafés fecharam as portas, e o transporte público foi interrompido nessa cidade em geral muito animada. A estação central de trens de Munique foi evacuada à noite, e os serviços de metrô, ônibus e trem elétrico, suspensos, "por ordem policial", informaram em dois comunicados separados o serviço ferroviário alemão Deutsche Bahn e o de transportes de Munique.
Há pouco, a Polícia informou pelo Twitter que "todos os transportes públicos voltaram a funcionar".
O tiroteio começou pouco antes das 16h GMT (13h, horário de Brasília) em um restaurante de fast-food, disse à AFP uma fonte policial.
Várias testemunhas entrevistadas pela AFP disseram que os agressores eram homens com traços "árabes". O porta-voz da Polícia não confirmou nesta informação.
Já a emissora alemã NTV destacou que, segundo um vídeo amador, o autor, ou um dos autores, do massacre parece proferir insultos racistas antes de disparar, "o que pode fazer pensar em um ato extremista de direita".
Segundo a edição on-line do jornal Bild, um homem correu dentro do shopping, de dois andares, e disparou contra várias pessoas antes de fugir em direção a uma estação de metrô. Do lado de fora do estabelecimento, ambulâncias e veículos de bombeiros estavam estacionados.
A Polícia da capital bávara disse à AFP que poderia se tratar de um ato de "terrorismo".
Uma jovem entrevistada pela AFP testemunhou o pânico, quando entrava na loja do MacDonald's.
"Estávamos entrando no MacDo para comer (…) depois houve um movimento de pânico e as pessoas saíram correndo", contou, acrescentando ter ouvido "três disparos e crianças chorando.
Hotéis e moradores ofereceram abrigo nas redes sociais.
Trata-se do terceiro ataque contra civis na Europa Ocidental em menos de dez dias, depois do atentado com um caminhão em Nice (sul da França), em 14 de julho, que deixou 84 mortos, e de um ataque com um machado em um trem na Baviera, que resultou em cinco feridos.
A chanceler alemã, Angela Merkel, convocou para este sábado (23), em Berlim, uma reunião de seu Conselho Federal de Segurança, para "analisar a situação", tuitou seu porta-voz, Steffen Seibert, na sexta-feira à noite.
Em nota, o presidente alemão, Joachim Gauck, disse estar "horrorizado" com o "ataque assassino" de Munique, expressando sua solidariedade às vítimas e a seus familiares.
O presidente americano, Barack Obama, prometeu às autoridades alemães "todo o apoio de que precisarem", enquanto o chefe de Estado francês, François Hollande, dirigiu uma "mensagem pessoal de apoio" à chanceler Angela Merkel.
"Preocupado e acompanhando a evolução do ataque em Munique. O povo alemão conta com todo nosso apoio e afeto", tuitou o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy.
A Polícia desmentiu um segundo tiroteio em outro lugar da cidade, apesar de testemunhas terem afirmado em entrevista a emissoras locais que o presenciaram.
"É o pânico (que há) em vários lugares da cidade", explicou um porta-voz municipal.
O tiroteio acontece quatro dias após um ataque com um machado cometido na segunda-feira em Wurzburgo, quando um solicitante de asilo atacou os passageiros de um trem.
Cinco pessoas ficaram feridas, sendo quatro turistas chineses de Hong Kong em um trem e uma transeunte.
O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou esse ataque, o primeiro reconhecido por essa organização na Alemanha. O governo alemão duvida, entretanto, de que o EI tenha sido responsável pelo atentado.
O ministro do Interior, Thomas de Maizière, advertiu na quarta-feira que a Alemanha "se encontra sob a mira do terror internacional".
"A situação é séria. Devemos contar com que a Alemanha também se prepare para atentados de pequenos grupos, ou de pessoas radicalizadas", disse o ministro em coletiva de imprensa.
A cerca de 500 quilômetros de Munique, o estado da Renânia do Norte-Vesfália anunciou a intensificação de suas medidas de segurança.
A Áustria também elevou "significativamente" suas medidas de segurança nos quatro estados que dividem fronteira com a Alemanha, além de colocar em alerta suas forças de elite "Cobra", informou o governo austríaco nesta sexta-feira.