Um dos extremistas da igreja na França era instável e obcecado pela Síria

De acordo com o jornal francês Le Monde, o jovem tinha acompanhamento psicológico desde os seis anos de idade e durante a sua adolescência foi internado várias vezes
AFP
Publicado em 27/07/2016 às 16:53
De acordo com o jornal francês Le Monde, o jovem tinha acompanhamento psicológico desde os seis anos de idade e durante a sua adolescência foi internado várias vezes Foto: Foto: CHARLY TRIBALLEAU / AFP


Com apenas 19 anos de idade, sofrendo de distúrbios comportamentais e obcecado pela Síria, para onde tentou viajar duas vezes, o francês Adel Kermiche, um dos assassinos da igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, era, de acordo com várias testemunhas, uma verdadeira "bomba-relógio".

Nascido em 25 de março de 1997, na Normandia, região no noroeste da França, onde o ataque ocorreu, Kermiche veio de uma grande família, de acordo com vizinhos e parentes.

A família, de origem argelina, já havia relatado sua radicalização e se preocupava com o caminho seguido pelo jovem, de acordo com um representante muçulmano da cidade.

De acordo com o jornal francês Le Monde, o jovem tinha acompanhamento psicológico desde os seis anos de idade e durante a sua adolescência foi internado várias vezes, incluindo durante 15 dias em uma unidade psiquiátrica.

Descrito como uma "criança hiperativa" e expulso do colégio aos 12 anos por "distúrbios comportamentais", Kermiche era uma verdadeira "bomba-relógio", de acordo com o testemunho de um jovem do bairro citado pelo jornal Le Parisien.

"Ele falava sobre o Islã, que faria coisas. Ele me disse que iria atacar uma igreja há dois meses. Eu não acreditava nele, ele dizia um monte de coisas", afirmou um adolescente do bairro à rádio RTL, considerando que Kermiche sofreu uma "lavagem cerebral".

 

OBSESSÃO PELA SÍRIA 

Ele vivia com seus pais em uma pequena casa localizada a menos de dois quilômetros da igreja, onde, com outro atacante ainda não identificado, fez seis pessoas reféns durante uma missa, matou o padre e feriu gravemente um paroquiano.

Ele então foi morto com seu cúmplice pela polícia.

No momento do ataque, o jovem utilizava uma pulseira eletrônica que permite a justiça localizá-lo em qualquer lugar e permanentemente.

Apesar de não ter sido condenado em nenhuma instância, ele era conhecido dos serviços de contraterrorismo desde 2015 e foi indiciado em março e maio de 2016 por tentar viajar para a Síria duas vezes. 

"Nós já não o suportávamos mais. Ele falava apenas sobre a Síria, e seu sonho era matar soldados de Bashar" al-Assad (o presidente sírio), relata o mesmo jovem citado pelo Le Parisien.

Depois de sua primeira tentativa de viajar à Síria, em março de 2015 - ele foi detido na Alemanha e devolvido para a França - o jovem "voltou ao bairro e se gabava", disse à AFP um vizinho, Mohamed.

"Todo mundo o conhecia na cidade, sabíamos que ele queria voltar a entrar na Síria", acrescentou.

Um mês depois, ele, de fato, tentou uma nova viagem, tendo sido preso na Turquia. Entregue para a França, foi então acusado de associação criminosa em relação com um grupo terrorista e colocado em prisão preventiva antes de ser colocado em prisão domiciliar com uma pulseira eletrônica.

Submetido a uma série de obrigações, Kermiche tinha permissão de sair de casa das 8h30 às 12h30 de segunda-feira a sexta-feira e das 14h00 às 18h00 no fim de semana, informou na terça-feira o procurador de Paris François Molins.

Seu sangrento e último ataque aconteceu, portanto, durante seu horário de saída.

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