Hillary Clinton buscava, nesta quarta-feira (10), destacar o último comentário de Donald Trump, que foi longe demais ao sugerir, segundo ela, uma resistência dos detentores de armas, no caso de uma vitória democrata na briga pela Casa Branca em novembro.
Na longa lista de frases incendiárias ou ambíguas ditas durante sua campanha presidencial há mais de um ano, Trump acrescentou na terça-feira (9) outra que incendiou a polêmica durante um comício em Wilmington, Carolina do Norte.
Como de costume, advertiu seus simpatizantes de que se a ex-senadora chegar à presidência, poderia nomear os próximos juízes da Corte Suprema que, de acordo com suas palavras, buscariam acabar com a Segunda Emenda da Constituição sobre o direito à posse de armas.
"Se ela escolher seus juízes, vocês não poderão fazer nada, gente", disse Trump. "Embora as pessoas da Segunda Emenda - talvez possam fazer, eu não sei", acrescento, deixando a frase em aberto e abrindo a polêmica.
Para muitos editores de jornais, e para Hillary, essa foi uma clara incitação à violência.
"Ontem, testemunhamos novas declarações que passaram dos limites, em uma longa série de comentários descuidados por parte de Donald Trump", declarou Hillary, em Des Moines, no estado de Iowa.
"Palavras importam, meus amigos. E, se você está concorrendo à presidência, ou se você é presidente dos Estados Unidos, palavras podem ter enormes consequências", advertiu.
O serviço secreto, a cargo da proteção do presidente e dos candidatos à presidência, indicou à emissora CNN que contactou o entorno de Trump após as declarações.
O milionário tentou responder afirmando que queria apenar dizer que os portadores de armas deveriam fazer com que fossem ouvidos ao votar em novembro.
"Devemos proteger a Segunda Emenda", sustentou em Abingdon, Virgínia, onde esteve acompanhado de mineiros do carbono. "É um direito estabelecido".
Mas seus próprios aliados reconheceram que a declaração foi infeliz. "Quando Trump fala, não é tão hábil como pensamos", disse nesta quarta-feira Sam Clovis, membro de sua equipe de campanha.
Admitiu que seu candidato tem problemas de disciplina, mas considerou que a situação não é crítica: "Ainda tem muito tempo (...) o primeiro debate ainda está longe".
A polêmica surge num momento em Trump cai nas pesquisas. Hillary Clinton lidera as intenções de voto nas últimas 19 pesquisas do portal Real Clear Politcs e na média, a ex-secretária de Estado obtém 48% dos votos contra 40% do milionário.
A campanha de Hillary tira vantagem do mau momento do republicano, que nas últimas duas semanas já enfrentou problemas por suas declarações sobre a Rússia e contra os pais de um ex-militar americano-muçulmano morto no Iraque.
Cada dia aumenta mais a lista de conservadores que se viram contra a candidatura de Trump . A maioria não diz por quem votará. Alguns asseguram ter eleito o candidato liberal, Gary Johnson, ou afirmam que escreverão simbolicamente na cédula de voto o nome de personalidades como Colin Powell, mesmo que não seja candidato.
Hillary rejeita a defesa ensaiada por porta-vozes da campanha de Trump, advertindo sobre os riscos que implicam as declarações intempestivas durante uma campanha presidencial.
"Sua descuidada sugestão de que mais países deveriam dispor de armas nucleares e agora sua descuidada incitação à violência", foram citadas como exemplo disso.
"Cada um desses incidentes mostra que Donald Trump simplesmente não tem o temperamento para ser presidente e comandante-em-chefe dos Estados Unidos", acrescentou.