Outra região da Riviera francesa proíbe burkini nas praias

Villeneuve-Loubet anunciou neste sábado (13) que proibirá em suas praias o uso do traje de banho islâmico depois que Cannes emitiu uma ordem municipal no mesmo sentido
Estadão Conteúdo
Publicado em 13/08/2016 às 15:08
Villeneuve-Loubet anunciou neste sábado (13) que proibirá em suas praias o uso do traje de banho islâmico depois que Cannes emitiu uma ordem municipal no mesmo sentido Foto: Foto: Reprodução/Google Maps


Uma segunda localidade da Riviera francesa, Villeneuve-Loubet, anunciou neste sábado (13) que proibirá em suas praias o uso do burkini, traje de banho islâmico, depois que Cannes emitiu uma ordem municipal no mesmo sentido.

O prefeito de Villeneuve-Loubet disse à AFP que havia tomado esta decisão por razões de saúde: "Informaram que havia um casal em uma de nossas praias e que a esposa nadava totalmente vestida", explicou Lionnel Luca. "Considero isso inaceitável por razões de higiene e porque, em geral, foi mal recebido", acrescentou.

O prefeito de Cannes, cidade famosa por seu festival de cinema, proibiu no fim de julho o uso do burkini por "respeito aos bons costumes e ao secularismo", princípio fundador da república francesa.

Esta notícia provocou uma enxurrada de críticas por parte das organizações de direitos humanos e antirracistas, que ameaçaram ir aos tribunais para revogar esta proibição "profundamente preocupante".

A primeira polêmica por este tipo de vestimenta surgiu na cidade de Marselha (sul), quando um parque aquático cancelou um evento privado para mulheres muçulmanas que usam esta roupa depois que muitas autoridades locais pediram seu cancelamento.

A controvérsia chega num momento sensível para a relação da França com sua população muçulmana, após os dois atentados ligados ao grupo Estado Islâmico (EI) ocorridos no país. Após os ataques, os atos antimuçulmanos se multiplicaram.

O prefeito de Villeneuve-Loubet se referiu aos atentados ao explicar a proibição do burkini para se defender dos que consideram a medida discriminatória, afirmando que com ela pretende "evitar qualquer desordem pública em uma região que foi atingida por ataques" terroristas.

No dia 14 de julho, a cidade vizinha de Nice sofreu um sangrento atentado, no qual um tunisiano com residência francesa lançou um caminhão contra a multidão reunida no passeio marítimo por ocasião da festa nacional e matou 85 pessoas.

Poucos dias depois, em 26 de julho, um padre foi degolado em sua igreja no noroeste da França por dois indivíduos que disseram ser do EI e morreram abatidos pela polícia.

A vestimenta islâmica é um tema controverso na França, onde o véu integral está proibido nos lugares públicos e o hijab (lenço que cobre o cabelo e o pescoço das mulheres) também não está permitido nas escolas ou para os funcionários da administração em seus locais de trabalho.

Apesar disso, não existe nenhuma lei que impeça a pessoa de carregar símbolos ou objetos que demonstrem o pertencimento religioso.

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