ONU defende cessar-fogo na Síria para encerrar guerra

Na Síria, mais de 290 mil pessoas morreram e mais de metade da população foi deslocada desde o início da guerra
AFP
Publicado em 06/09/2016 às 11:49
Na Síria, mais de 290 mil pessoas morreram e mais de metade da população foi deslocada desde o início da guerra Foto: Foto: Sameer Al-Doumy / AFP


Investigadores da ONU convocaram nesta terça-feira (6) todas as partes envolvidas na sangrenta guerra da Síria a revitalizar um cessar-fogo hesitante, ainda que Washington e Moscou tenham falhado em alcançar um acordo para deter a violência.

A Comissão de Investigação da ONU sobre a Síria disse que o cessar-fogo acordado em fevereiro havia finalmente oferecido "um raio de esperança" para os civis que passaram por cinco anos e meio de uma violência terrível. 

Mas salientou que, apenas um mês depois, combates e ataques indiscriminados contra áreas civis, incluindo numerosos hospitais, foram registrados.

"O acordo de cessação das hostilidades levou um alívio bem-vindo aos civis que durou muito pouco", disse a Comissão em seu 12º relatório, que abrange o período de janeiro a julho de 2016. 

A equipe de três membros enfatizou a necessidade de restaurar o cessar-fogo, insistindo que "o sentimento de esperança engendrado no início deste ano deve ser revitalizado". 

E pediu mais apoio ao enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que está lutando para colocar novamente em andamento as negociações paralisadas.

O relatório foi publicado depois que o presidente americano, Barack Obama, e seu colega russo, Vladimir Putin, se reuniram para conversar sobre a Síria, às margens da cúpula do G20 na China nesta semana, um encontro descrito como "produtivo".

Mas os dois líderes não conseguiram fechar um aguardado acordo para aliviar a violência na Síria, onde mais de 290.000 pessoas morreram e mais de metade da população foi deslocada desde março de 2011.

'Torturas severas'

A comissão da ONU, liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, acusou repetidamente as diversas partes de uma série de crimes de guerra e, em alguns casos, de crimes contra a humanidade. 

Os investigadores reiteraram nesta terça-feira seu apelo para que o Conselho de Segurança leve a situação da Síria ao Tribunal Penal Internacional. 

No entanto, este continua sendo um cenário muito pouco provável, já que a Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança, planeja continuar apoiando seu aliado em Damasco.

Em seu relatório, a Comissão informou que "mortes ilegais, incluindo mortes na prisão, e execuções sumárias continuam sendo uma característica marcante deste conflito sangrento". 

Para as pessoas detidas pelas forças governamentais, especialmente, a tortura e os abusos sexuais parecem ser a regra, segundo ela.

"É extremamente raro encontrar um indivíduo detido pelo governo que não tenha sofrido torturas severas", disse. 

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