Possível encontro entre Kerry e Lavrov tratará sobre a Síria

A última reunião em Genebra entre Serguei Lavrov e John Kerry aconteceu no último 25 de agosto
AFP
Publicado em 08/09/2016 às 15:48
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov (E), vai se reunir com o homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba Foto: Foto: Alexei Druzhinin / SPUTNIK / AFP


Genebra se preparava nesta quinta-feira para um encontro entre os chefes da diplomacia dos Estados Unidos e da Rússia para falar sobre o conflito sírio, uma reunião que ainda não foi confirmada por Washington.

Entretanto, os Estados Unidos condicionaram uma colaboração entre ambos os países a um "verdadeiro fim das hostilidades".

Em uma entrevista para a rádio britânica BBC 4, Ashton Carter, secretário de Defesa americana, declarou que "se for encontrado um acordo, ele será resultado de várias etapas, principalmente do fim das hostilidades que poderia finalmente conduzir a uma maior colaboração entre os Estados Unidos e o exército russo".

Somente a Rússia confirmou o encontro, previsto para os dias 8 e 9 de setembro.

Nesta quinta-feira pela manhã, Washington ainda não havia emitido nenhuma confirmação oficial, mas uma fonte indicou que ela poderia chegar na parte da tarde.

A última reunião em Genebra entre Serguei Lavrov e John Kerry aconteceu no último 25 de agosto.

Ambos os responsáveis conversaram por telefone na quarta-feira (7) e analisaram "os detalhes de um acordo sobre a cooperação russo-americana na luta contra os grupos terroristas na Síria, a extensão da ajuda humanitária e o lançamento do processo político", segundo o Ministério russo de Relações Exteriores.

No mesmo dia, em Londres, a oposição síria apresentou um plano de transição política. A situação continua sendo muito complicada no local, principalmente em Aleppo (norte do país), onde as forças do regime, apoiadas pela força aérea russa, conseguiram cercar totalmente os bairros rebeldes.

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) afirmou estar "preocupada" com a suposta utilização de armas químicas em Aleppo, onde dezenas de pessoas informaram sobre casos de asfixia depois que o regime lançou barris explosivos na cidade.

A primeira etapa do projeto da oposição síria prevê uma fase de seis meses em que "as duas partes negociadoras terão que se comprometer a respeitar uma trégua provisória" e com o retorno de milhares de deslocados e refugiados.

Durante a segunda etapa, que duraria 18 meses, a Síria seria comandada por um governo transitório, que iria requerer "a saída de Bashar al-Assad e seu grupo".

A terceira e última etapa permitiria consolidar as as transformações através de "eleições locais, legislativas e presidenciais" organizadas "sob a supervisão e com o apoio técnico das Nações Unidas".

O plano retoma os passos estabelecida em novembro de 2015 pelas grandes potências em Viena, mas que não fixava o destino de Bashar al-Assad.


Diálogos com a oposição síria


"A ideia é, uma vez alcançado o verdadeiro fim das hostilidades, abrir as portas e retomar as negociações políticas", explicou à AFP Anas al-A'bdah, presidente da coalizão síria da oposição política no exílio.

"Apresentamos a nossa visão, se (os Estados Unidos ou a Rússia) tiverem ideias melhores, falaremos sobre elas, mas há alguns princípios pelos quais o povo sírio está lutando desde que começou a revolução e não poderemos ignorá-los", acrescentou, referindo-se à saída do presidente sírio.

O plano de transição foi apresentado pelo Alto Comitê de Negociações (ACN), que agrupa os principais representantes da oposição e da rebelião sírias e que mantém contato com uma parte dos países do Grupo de Amigos da Síria.

Entre eles estão os responsáveis pela diplomacia do Reino Unido, Turquia, Arábia Saudita, Catar, Itália, a União Europeia e França, enquanto os Estados Unidos conversarão com o ACN por vídeo-conferência.

"Essa reunião é muito importante porque conseguirão pontos de convergência para sair do 'lamaçal' sírio", comentou o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, na saída do encontro.

Um acordo entre Moscou e Washington para o fim das hostilidades, que poderia acontecer entre quinta e sexta-feira (9) durante a reunião em Genebra, já era esperado durante a cúpula do G20 que terminou na segunda-feira, na China.

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