O papa Francisco advertiu que "não existe um Deus da guerra" antes de partir nesta terça-feira (20) a Assis, centro da Itália, para pedir a paz para o mundo em um encontro com líderes de diferentes religiões.
"Não vamos a Assis para um espetáculo. Vamos para orar e para orar pela paz", disse o Papa depois de lembrar durante sua homilia matutina que "o mundo está em guerra e sofre".
"Nos assustamos com alguns atos terroristas, mas isso não é nada comparado com o que ocorre nestes países em que dia e noite caem bombas, assassinam crianças, idosos, homens e mulheres", disse indignado.
"Acreditam que a guerra está longe daqui? Não, está perto, porque afeta todos nós", afirmou o pontífice argentino depois de prever que a viagem de Assis será um dia de oração, de penitência e, sobretudo, de "pranto pela paz".
Ao término de sua comovente homilia, Francisco partiu de helicóptero a Assis, a cidade de São Francisco, onde líderes de diferentes religiões o esperam para pedir em um ato conjunto o fim dos atentados, da violência e das guerras que atingem todo o planeta.
O Papa permanecerá apenas um dia na cidade do chamado santo dos pobres, durante o qual se reunirá separadamente com líderes da igreja ortodoxa e anglicana, assim como com representantes do Islã e do judaísmo.
A peregrinação a Assis, a 130 quilômetros de Roma, durará poucas horas e contará com a presença de hebreus, muçulmanos, budistas e cristãos de diferentes denominações.
O dia pela paz, organizado no âmbito do encontro internacional intitulado "sede de paz", não pede apenas o fim das guerras, mas também que a fé não seja utilizada como arma para gerar conflitos.
"O Islã é o mais afetado pelo terrorismo", comentou à AFP o imã Abdelfattah Mourou, vice-presidente do Parlamento tunisiano, entre os presentes.
"Estar unidos é a resposta ao terrorismo que quer dividir. Porque o terrorismo quer desestabilizar nossas vidas, quer levar violência a nossa sociedade", explicou Marco Impagliazzo, presidente do grupo católico Comunidade de São Egídio, organizador do evento.
"Há muita sede de paz, pedem os pobres, as vítimas do terrorismo e das guerras em muitos países do mundo. Queremos ser sua voz", afirmou.
Os membros de cada religião se recolherão para orar segundo sua tradição em um lugar diferente, para depois fazer um apelo conjunto com o papa Francisco pela paz a partir da praça.
O pontífice argentino, que em agosto deste ano visitou Assis por ocasião dos 800 anos do chamado "Perdão de Assis", retornou pela terceira vez à cidade natal do santo italiano que inspira seu pontificado.
Durante a visita também é comemorado o 30º aniversário dos encontros de Assis, inaugurados em 1986 pelo papa João Paulo II e nos quais participam movimentos e associações eclesiásticas, assim como entidades civis.