Colômbia assina um histórico acordo de paz com a guerrilha das Farc

Pacto será assinado na próxima segunda-feira (26) pelo presidente Juan Manuel Santos e o líder máximo das Farc, Rodrigo Londônio
AFP
Publicado em 24/09/2016 às 14:43
Pacto será assinado na próxima segunda-feira (26) pelo presidente Juan Manuel Santos e o líder máximo das Farc, Rodrigo Londônio Foto: Foto: LUIS ROBAYO / AFP


A Colômbia viverá na próxima segunda-feira (26) um dia histórico com a assinatura oficial do acordo de paz entre a guerrilha das Farc e o governo para pôr fim a um conflito armado que sangrou o país por mais de meio século.

O pacto, alcançado em 24 de agosto, será assinado pelo presidente Juan Manuel Santos e o máximo líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, mais conhecido como seus nomes de guerra Timoleón Jiménez e Timochenko.

Os dois pronunciarão um discurso em uma cerimônia prevista a partir das 17H00 local (19H00 de Brasília) no Pátio das Bandeiras, centro de convenção de Cartagena das Índias, no Caribe, ante 2.500 pessoas convidadas a usar roupas brancas.

Quinze chefes de Estado confirmaram sua presença, entre eles o cubano Raúl Castro, cujo país acolheu durante quase quatro anos as negociações, patrocinadas também pela Noruega, Venezuela e Chile.

Entre as personalidades esperadas para este ato de cerca de 70 minutos, e que será transmitido ao vivo, figuram o rei Juan Carlos da Espanha, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; seu colega da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro; os presidentes do Banco Mundial, Jim Yong Kim, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde; assim como o secretário de Estado americano John Kerry, e do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

- "Virada de página" -

Procedente da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o número dois da Santa Sé se reúne neste sábado com o presidente colombiano em Bogotá. O papa Francisco expressou várias vezes seu desejo de visitar a Colômbia no próximo ano.

"Estamos virando a página da guerra para começar a escrever o capítulo da paz", declarou Santos na tribuna na ONU, depois de entregar ao Conselho de Segurança as 297 páginas do acordo.

Apesar de a assinatura ser no final da tarde, segunda-feira começará com uma homenagem de Santos às Forças Armadas e à Polícia na Escola Naval (08H00 local/10H00 de Brasilia). Às 12H00 (14H00) o cardeal Parolin oficiará "uma oração pela reconciliação de todos os colombianos".

Simultaneamente, estão previstas cerimônias similares, em todas as igrejas e templos do país.

Depois, Santos oferecerá um almoço a seus colegas e altos dirigentes presentes em Cartagena.

- Apoio guerrilheiro -

Na sexta-feira, no encerramento da Décima Conferência Nacional Guerrilheira, as Farc manifestaram seu apoio unânime ao acordo de paz alcançado com o governo de Bogotá para por fim a 52 anos de conflito armado na Colômbia.

"Referendamos unanimemente o Acordo final para o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura", disse Timoleón Jiménez diante de centenas de guerrilheiros reunidos em uma isolada localidade do sudeste colombiano.

"Em nosso horizonte sempre esteve a perspectiva da solução política. Por isto, a paz é a mais bela das vitórias", declarou o máximo líder das Farc.

"Por fim temos uma segunda oportunidade sobre a terra!" - disse Timochenko ao concluir seu discurso, evocando Gabriel García Márquez.

Militantes políticos, entre eles a ex-senadora e ativista Piedad Córdoba, líderes bascos ligados ao ETA, defensores da independência da Cataluña e até lendário goleiro René Higuita participaram da cerimônia.

A transformação da guerrilha marxista em um movimento político legal mobilizou os debates do encontro iniciado no sábado passado, que reuniu 207 delegados das Farc de toda a Colômbia.

A reunião também reafirmou a "confiança" na direção das Farc, declarou Márquez, ao destacar que esta "conduziu com acerto o processo de reconciliação".

A conferência decidiu ampliar os atuais 29 membros do Estado-Maior para 61 e acertou a realização, "nos próximos meses", de um congresso que terá a missão de decidir os trabalhos políticos "por vir".

Segundo fontes da guerrilha, este "congresso" será "em abril ou maio", assim que for concluída o abandono das armas e a reincorporação à vida civil dos ex-combatentes.

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