Matthew, o maior furacão que atingiu o Caribe em quase uma década, avançava nesta quarta-feira (5) para as Bahamas e para a costa americana, após deixar nove mortos no Haiti e na República Dominicana, além de grandes danos na cidade mais antiga de Cuba.
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Com a lembrança ainda forte do destruidor furacão Sandy em 2012 (de categoria 3), os Estados Unidos ordenaram as primeiras evacuações nos estados da costa leste, prevendo a chegada do ciclone na noite de quinta-feira (6).
Matthew caiu para a categoria 3 em uma escala de 5, com ventos de 195 km/h, disse o Centro Nacional de Furacões (NHC, em inglês) dos Estados Unidos, com sede em Miami, em seu boletim das 12h (horário de Brasília). O NHC advertiu que ele pode voltar a se fortalecer nos próximos dois dias.
Após atingir Cuba, Matthew se dirigia para as Bahamas, que desde a manhã de segunda-feira (3) já sofria com as chuvas torrenciais. Seu litoral também deverá sofrer com o brusco aumento do nível do mar, completou o NHC.
O aeroporto da capital, Nassau, fechou às 12h (de Brasília), e os outros espalhados pelas quase 700 ilhas e ilhotas do arquipélago farão o mesmo, à medida que o furacão avançar para o norte.
O primeiro-ministro das Bahamas, Perry Christie, solicitou aos habitantes do litoral que evacuassem a área. "Considerem seriamente se encaminhar para as partes mais altas. Os fenômenos naturais podem ser violentamente imprevisíveis", advertiu.
O furacão Matthew chegou com toda sua fúria ao extremo-leste de Cuba, onde quatro municípios da província de Guantánamo estão isolados e bastante destruídos. Ainda não há informações sobre vítimas.
Baracoa, Imías, Maisí e San Antonio do Sul ficaram durante várias horas sob as fortes chuvas e ventos de Matthew.
"Foi assustador. Não sobrou nada de Baracoa, apenas escombros e restos. Os casarões coloniais no centro da cidade, que eram lindos, estão destruídos", contou a dona de casa Quirenia Pérez, de 35 anos, que falou por celular com a AFP.
Com quase 82.000 habitantes, Baracoa é a cidade mais antiga de Cuba, com 505 anos, e polo turístico de Guantánamo, onde opera uma base americana que foi parcialmente evacuada antes da chegada do furacão.
"Em Baracoa, há bastante destruição, não temos relatos de perdas de vida, mas parece que as perdas materiais foram grandes", disse o general e vice-ministro das Forças Armadas Revolucionárias, Ramón Espinosa.
Haiti adia eleições
O furacão deixou cinco mortos no Haiti e quatro na República Dominicana, países que dividem a ilha Espanhola, levando as autoridades haitianas a adiarem as eleições presidenciais e legislativas convocadas para este domingo (9).
As autoridades têm de "fazer uma avaliação" dos danos do furacão, explicou o presidente do Conselho Eleitoral Provisório, Léopold Berlanger, assegurando que a nova data de votação será anunciada antes da próxima quarta-feira (12).
A região sul do Haiti, a mais afetada, ficou isolada na terça-feira (4) após a queda de uma ponte na única rota que conecta a área com a capital, Porto Príncipe.
"A rota nacional número 2 está bloqueada na altura de Petit-Goave, depois do desabamento da ponte La Digue", indicou à AFP o porta-voz da Defesa Civil haitiana, Edgar Célestin.
Célestin afirmou que, "por enquanto, é impossível fazer um balanço e conhecer a extensão da destruição causada pela passagem do ciclone" no país mais pobre das Américas, devastado por um terremoto em 2010.
Avaliações parciais, que excluem o departamento de Grande Anse, região onde passou o olho do furacão, já falam em pelo menos 14.500 deslocados e 1.855 casas inundadas.
As autoridades também informaram sobre um desaparecido e dez feridos.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) considerou nesta quarta-feira que 300.000 haitianos precisam de assistência imediata e que metade dos habitantes do país poderá ser afetada pelo fenômeno.
Na República Dominicana, o Centro de Operações de Emergência (COE) relatou mais de 8.500 evacuados em Santo Domingo e em províncias fronteiriças com o Haiti.
Obama: 'temos de nos preparar para o pior'
Os estados da Flórida e Carolina do Norte decretaram estado de emergência, diante da chegada do furacão na quinta-feira (6) à noite, enquanto a Carolina do Sul ordenou a evacuação da costa a partir desta quarta.
"Nosso objetivo é que a população fique pelo menos a 150 km da costa", declarou a governadora Nikki Haley.
O governador da Flórida, Rick Scott, advertiu hoje que seu estado pode ser "atingido diretamente" pelo furacão.
O presidente Barack Obama, que decidiu adiar um ato previsto para esta quarta-feira em Miami com a candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, solicitou aos habitantes do Sudeste do país que se preparem para a iminente chegada de Matthew.
"É algo que deve ser levado a sério. Esperamos que aconteça o melhor, mas temos de nos preparar para o pior", advertiu Obama, ao qualificar Matthew como uma "séria tormenta".
A Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAid), ligada ao Departamento de Estado, entregará US$ 1,5 milhão em ajuda aos países afetados e um de seus aviões sobrevoará o Haiti ao longo do dia para avaliar os danos.