Secretário de Estado dos EUA volta a defender solução de dois Estados

John Kerry voltou a afirmar que existência dos dois Estados é o ''único caminho'' de paz entre israelenses e palestinos
AFP
Publicado em 28/12/2016 às 20:24
John Kerry voltou a afirmar que existência dos dois Estados é o ''único caminho'' de paz entre israelenses e palestinos Foto: FOTO: Zach Gibson / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP


O secretário americano de Estado, John Kerry, defendeu novamente nesta quarta-feira a solução de dois Estados como "único caminho" para a paz entre israelenses e palestinos, em um discurso que Tel Aviv denunciou como "tendencioso".

Em um longo discurso no qual ofereceu sua "visão franca" sobre o conflito no Oriente Médio, Kerry assinalou que Israel está a caminho de uma "ocupação perpétua" da terra palestina.

Ao explicar a decisão dos Estados Unidos de não vetar a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que condenou os assentamentos israelenses, Kerry disse que "o voto na ONU era para preservar a solução de dois Estados".

Segundo ele, a política de assentamentos impede qualquer processo de paz com os palestinos.

"Qualquer pessoa que pense seriamente na paz não pode ignorar a realidade da ameaça que os assentamentos representa. A política de assentamentos está definindo o futuro em Israel. E seu propósito é claro. Eles acreditam em um único estado: a grande Israel".

Logo após as declarações de Kerry, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, denunciou o discurso "tendencioso" contra Israel.

"Assim como a resolução do Conselho de Segurança que o secretário Kerry promoveu na ONU, seu discurso dessa noite foi tendencioso contra Israel".

"Durante mais de uma hora, Kerry abordou, obsessivamente, o tema das colônias e apenas tocou na raiz do conflito - a oposição palestina a um Estado judeu em qualquer tipo de fronteira".

Netanyahu acusou o secretário de Estado de estar "mais preocupado com as colônias do que com o terrorismo". "O Oriente Médio se inflama, o terrorismo faz estragos, e Jonh Kerry critica a única democracia da região".

"Não precisamos receber lições de dirigentes estrangeiros", sentenciou o primeiro-ministro.

Em meio à polêmica, o presidente palestino, Mahmud Abbas, disse que está disposto a retomar as negociações de paz assim que o governo israelense cesse a colonização nos Territórios ocupados.

"No minuto em que o governo israelense aceitar suspender todas as suas atividades de colonização (...) a direção palestina estará pronta para retomar as negociações", declarou Abbas após o discurso de Kerry.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, saudou o discurso "claro, corajoso e engajado de John Kerry a favor da paz no Oriente Médio e de uma solução de dois Estados - Israel e Palestina - vivendo lado a lado em paz e segurança".

"A França compartilha a convicção do secretário de Estado americano sobre a necessidade e a urgência da aplicação de uma solução de dois Estados".

- Trump é amigo, afirma Netanyahu -

A pressão do atual governo americano não deve persistir na próxima administração, a cargo de Donald Trump. 

O presidente eleito dos EUA designou recentemente como embaixador em Israel a David Friedman, que já defendeu a mudança da embaixada americana em Tel Aviv para "a capital eterna de Israel, Jerusalém", um gesto que pode acabar com os esforços de paz na região.

Pouco antes do discurso de Kerry, Trump declarou no Twitter seu apoio ao Estado hebreu,  vítima de um "tratamento desrespeitoso" por parte da administração de Barack Obama. 

Os israelenses "estavam acostumados a ter um grande amigo nos Estados Unidos, mas não têm mais. O princípio do fim foi o horrível acordo com o Irã (sobre a política nuclear), e agora isto (na ONU)!. Fique firme, Israel. O 20 de janeiro se aproxima rapidamente", disse Trump sobre a data de sua posse.

Netanyahu respondeu no Twitter agradecendo o próximo líder americano por sua "cálida amizade e apoio sem reservas a Israel".

Ao menos 430 mil colonos israelenses vivem atualmente na Cisjordânia ocupada, sendo mais de 200 mil em Jerusalém oriental, onde os palestinos querem instalar a capital de seu futuro Estado.

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