A Igreja Católica mexicana acusou neste domingo o governo do país de mostrar uma atitude de medo e submissão ante as medidas migratórias anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump, as quais classificou de terrorismo.
"As autoridades mexicanas não acertam em agir, não fazem mais do que declarações e promessas, são fracas suas reações, também mostram medo e, pior, submissão", assinala o editorial do semanário Desde la Fe, órgão da Igreja Católica.
O texto, intitulado "Terrorismo migratório", critica as medidas migratórias de Trump, que propõe a expulsão de milhões de imigrantes sem documentos.
"O que faz o senhor Trump não é apenas a aplicação de um legalismo desumano, e sim um verdadeiro ato de terror", denuncia a publicação.
As perseguições a imigrantes sem documentos espalharam "medo e geraram uma verdadeira psicose" entre os mexicanos que vivem nos Estados Unidos, assinala.
Estima-se que vivam nos Estados Unidos cerca de 11 milhões de imigrantes sem papéis, a maioria mexicanos, alvos de ataques de Trump, que alavancou sua campanha para a presidência acusando-os de "criminosos e violadores".
Na última terça-feira, o governo americano emitiu diretrizes severas para deter e deportar grande parte dos ilegais, que se somam aos pedidos de Trump para que o México pague pela construção de um muro fronteiriço.
Dois dias depois, visitaram o México os secretários americanos de Segurança Interna, John Kelly, e de Estado, Rex Tillerson, em uma tentativa de costurar as relações, que estão em seu momento mais crítico em décadas e levaram o presidente Enrique Peña Nieto a cancelar uma visita a Washington em janeiro.
Kelly afirmou que "não haverá deportações em massa", e que militares não participarão de operações relacionadas à imigração em seu país.
Após a visita de Kelly e Tillerson, o México advertiu que não receberá imigrantes de outros países que sejam deportados dos Estados Unidos, e que responderá com tarifas sobre importações americanas se Trump taxar produtos mexicanos para pagar o muro.