May tenta tranquilizar correligionários após eleições

Partido conservador perdeu maioria na Câmara dos Comuns nas eleições antecipadas por decisão da própria primeira-ministra
AFP
Publicado em 12/06/2017 às 17:30
Partido conservador perdeu maioria na Câmara dos Comuns nas eleições antecipadas por decisão da própria primeira-ministra Foto: Foto: AFP


A primeira-ministra britânica, Theresa May, buscou nesta segunda-feira (12) aplacar a irritação dos deputados de seu partido conservador durante uma reunião, quatro dias depois das eleições legislativas que levaram à perda de sua maioria absoluta na Câmara dos Comuns.

"Eu os coloquei nessa confusão e eu vou tirá-los dela", prometeu May, depois dos maus resultados obtidos nas eleições antecipadas convocadas por ela.

Depois que várias personalidades políticas começaram a pedir sua renúncia nos últimos dias, seus deputados não questionaram sua liderança nesta segunda-feira, de acordo com relato de vários dos presentes à reunião realizada em Westminster.

"Ganhou e deve continuar sendo primeiro-ministra", declarou um deles, após o encontro.

A chefe de Governo atualizou seus deputados sobre as negociações em andamento com o Partido Unionista Democrático (DUP), formação norte-irlandesa ultraconservadora, para recuperar a maioria no Parlamento.

Segundo May, o DUP não terá qualquer influência sobre a política de reconhecimento dos direitos dos homossexuais, nem sobre a neutralidade do Governo britânico na Irlanda do Norte. Essas duas questões deflagraram várias críticas da oposição.

Pouco antes da reunião, a rede BBC anunciou que a cerimônia de abertura do Parlamento não será na próxima segunda-feira, como previsto, mas alguns dias depois. Nessa sessão, a rainha lê o programa legislativo do Governo.

O vice-primeiro-ministro Damian Green confirmou o adiamento, alegando que é preciso fechar um acordo com o DUP primeiro.

No âmbito dessas negociações, May se reúne amanhã, em Londres, com a líder desse partido de ultradireita, Arlene Foster.

 Brexit duro, ou brando?

Em uma entrevista à rádio BBC, o ministro do Brexit, David Davis, também confirmado no cargo, apoiou May, mas admitiu que "alguns elementos do programa" dos Tories (conservadores) para estas eleições "serão eliminados".

A respeito do Brexit nada mudou, de acordo com Davis, para quem uma saída do mercado único europeu é necessária "para retomar o controle" das fronteiras britânicas. Continua existindo a possibilidade de não se alcançar um acordo.

Em Bruxelas, o negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, abordou nesta segunda-feira com autoridades britânicas questões como datas ou a organização das negociações, afirmou o porta-voz do Executivo comunitário, Alexander Winterstein.

Na União Europeia, existe preocupação com um eventual atraso do início formal, previsto para 19 de junho, em consequência do resultado das eleições britânicas.

Muitos analistas consideram, porém, que May pode ser obrigada a abandonar a ideia de um Brexit "duro" e manter o país na união alfandegária e no mercado único europeu.

Para o diretor da gigante da publicidade WPP, Martin Sorrell, citado pelo jornal econômico City A.M., o resultado da eleição reforçou "paradoxalmente" as possibilidades de um Brexit "brando".

Nesse contexto, a única certeza, segundo Carolyn Fairbairn, do Financial Times, é que "se afastou a probabilidade de conseguir um bom acordo para o Reino Unido".

Anunciado no domingo e marcado pela renovação dos principais ministros e pelo retorno do político pró-Brexit Michael Gove (desta vez como ministro do Meio Ambiente), o novo gabinete de Theresa May se reúne hoje à tarde.

Destituído do Ministério da Justiça quando May chegou ao poder em julho passado, Gove retorna ao Executivo em uma tentativa de evitar um golpe contra a líder do Partido Conservador, de acordo com o jornal Daily Telegraph.

Na terça-feira, May se encontra com o presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris, enquanto a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, do Partido Nacional Escocês (SNP, separatista), pedirá uma pausa nas negociações do Brexit.

O novo Parlamento britânico terá sua primeira sessão na terça-feira, antes da cerimônia de abertura solene que estava prevista para 19 de junho. Essa data marca o início das negociações sobre o Brexit com a União Europeia.

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