Um avião de combate americano derrubou nesta terça-feira um drone das forças pró-governo na Síria, o que provocou a ira da Rússia, que acusou a coalizão internacional liderada por Washington de "cumplicidade com o terrorismo".
Este incidente é o último de uma série entre as forças pró-governo e os Estados Unidos, e ocorreu apenas 48 horas após um caça americano destruir um avião do exército sírio em Raqa, no domingo passado.
Moscou colabora militarmente com o governo de Bashar al-Assad na guerra da Síria, enquanto Washington apoia uma aliança curdo-árabe rival e os rebeldes sírios.
A ONU advertiu sobre o risco de uma "escalada".
O drone de fabricação iraniana Shaheed 129 foi abatido na madrugada desta terça por um avião americano F-15 Strike Eagle depois de ter "mostrado intenção hostil e se dirigido às forças de coalizão", segundo comunicado divulgado por esta.
Os Estados Unidos já abateram um drone das forças pró-governo há duas semanas, na região de Al-Tanaf, cidade fronteiriça no eixo estratégico de Damasco-Bagdá.
Também bombardeou várias vezes na última semana as forças pró-governo que se aproximavam de Al-Tanaf, onde as forças especiais americanas treinam grupos sírios locais que lutam contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).
Em resposta ao incidente aéreo de domingo em Raqa, a Rússia anunciou na segunda-feira a suspensão de seu canal de comunicação militar com os Estados Unidos na Síria. Além disso, afirmou que direcionaria os seus mísseis para os aviões da coalizão detectados a oeste do Eufrates.
Depois da destruição do drone, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Riabkov, considerou nesta terça-feira que "este tipo de ataque é equiparável à cumplicidade com o terrorismo".
Este clima agitado levou a Austrália, membro da coalizão internacional, a suspender as suas missões aéreas na Síria.
Ao destruir o avião sírio no domingo, a coalizão afirmou que o aparato em questão bombardeou posições das Forças Democráticas Sírias (FDS).
As FDS, aliança de combatentes curdos e árabes apoiada pelos Estados Unidos, está dirigindo uma ofensiva para expulsar o EI de Raqa. E embora as tropas do governo e as FDS lutem contra o EI, são forças rivais.
"Se o regime sírio atacar as forças que nos ajudam a libertar Raqa, será um problema", indicou à AFP uma fonte diplomática francesa. "[Ainda] estamos dialogando. Não interessa a ninguém que isto piore".