Extremistas ocupam escola e fazem reféns nas Filipinas

A invasão aconteceu em Pigkawayan, a 160 km da cidade de Marawi, onde combatentes vinculados ao Estado Islâmico lutam há um mês contra o exército
AFP
Publicado em 21/06/2017 às 10:52
A invasão aconteceu em Pigkawayan, a 160 km da cidade de Marawi, onde combatentes vinculados ao Estado Islâmico lutam há um mês contra o exército Foto: Foto: STRINGER / AFP


Extremistas islâmicos ocuparam por algumas horas nesta quarta-feira uma escola do ensino fundamental no sul das Filipinas e tomaram civis como reféns, antes de fugirem sem fazer vítimas, num contexto de grande tensão no arquipélago.

"A crise terminou. Todos os reféns foram libertados e ninguém ficou ferido", indicou o porta-voz do Exército filipino, Restituto Padilla. Um representante das Forças Armadas confirmou a notícia.

A invasão aconteceu em Pigkawayan, localidade a 160 km da cidade de Marawi, onde combatentes vinculados ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI) lutam há um mês contra o exército filipino, em um conflito que deixou centenas de mortos.

Nas primeiras horas da manhã, homens armados atacaram um posto militar, antes de parte do grupo assumir o controle da escola, informou o porta-voz.

Cerca de 20 moradores foram feitos reféns, mas nenhum estudante, segundo declarou à AFP Antonio Maganto, porta-voz da região para a Educação.

Restituto Padilla havia anunciado algumas horas antes que os criminosos eram integrantes dos Combatentes Islâmicos pela Liberdade de Bangsamoro (Biff), facção dissidente da Frente Moro Islâmica de Libertação (Milf) e um dos quatro grupos da região filipina de Mindanao (sul) que juraram lealdade ao EI.

O Milf é o principal grupo rebelde muçulmano das Filipinas com o qual o governo lançou negociações de paz.

Cerco em Marawi 

A polícia local acredita que o ataque pode ter tido o objetivo de deslocar as tropas filipinas para ajudar os combatentes jihadistas em Marawi.

De acordo com Padilla, os islamitas atacaram o posto militar durante a madrugada, trocando tiros com os soldados antes de recuar, uma tática comum dos combatentes do Biff.

"A situação está resolvida. O inimigo se retirou, ele fracassou", garantiu no final da manhã, acrescentando que os militares perseguem agora os islamitas.

Mas horas depois, o capitão Encinas relatou a tomada de reféns na escola primária, com Padilla confirmando a informação na televisão.

Os dois militares relataram combates esporádicos durante todo o dia nos arredores do vilarejo, que é cercado por pântanos, montanhas e terrenos agrícolas.

O prefeito de Pigkawayan, Eliseo Garsesa, estima que 200 islamitas participaram da operação inicial.

O sul das Filipinas, de maioria muçulmana, é palco há mais de 40 anos de uma rebelião muçulmana que busca a independência ou autonomia da região. O conflito já fez mais de 120.000 mortos.

As principais organizações muçulmanas iniciaram negociações de paz ou assinaram acordos com as autoridades, enquanto os movimentos menores, como Biff, continuam a lutar.

O presidente Rodrigo Duterte decretou a lei marcial em todo Mindanao em 23 de maio, quando um grupo de extremistas entrou no Marawi carregando uma bandeira preta do EI.

Segundo o exército, os extremistas ocupam cerca de 10% dessa cidade de 200.000 habitantes, principal reduto muçulmano em um país de maioria católica.

Os combates, que ainda prosseguem, fizeram centenas de mortos e Marawi está em grande parte destruída.

Os extremistas pertencem ao grupo dos irmãos Maute e a Abu Sayyaf, dois movimentos que também juraram lealdade ao grupo EI.

O Exército afirma que combatentes estrangeiros, incluindo da Chechênia, Indonésia e Malásia, se juntaram às fileiras dos islamitas.

O EI, que está perdendo terreno no Iraque e na Síria, pretende decretar um califado no sudeste da Ásia.

Em 2008, o Biff foi acusado de atacar pelo menos nove cidades em Mindanao. Estes ataques fizeram cerca de 400 mortos, enquanto 600.000 pessoas tiveram que fugir.

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