Os líderes da UE reunidos nesta quinta-feira para uma cúpula em Bruxelas com moral elevado, querem se concentrar no futuro com 27 membros, mesmo que não possam evitar falar sobre o Brexit com a primeira-ministra britânica Theresa May.
"Falar sobre o futuro da Europa e traçar o projeto de uma Europa que protege": o presidente francês Emmanuel Macron, em sua primeira aparição no palco europeu, foi o arauto do otimismo, embora cauteloso.
"Nunca estive tão convicto de que as coisas estão no caminho certo", declarou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, algumas horas antes da cúpula.
O crescimento econômico em todos os Estados membros, a queda do desemprego, acordo sobre a dívida grega, derrotas eleitorais dos eurófobos: muitos são os motivos para satisfação, segundo Tusk.
A atmosfera mudou desde a surpresa causada pelo voto, há exatamente um ano, em favor do Brexit.
"Para mim, planejar o futuro a 27 é uma prioridade em relação a questão das negociações com a Grã-Bretanha", afirmou a chanceler alemã, Angela Merkel.
A cúpula também acontece em um momento de fragilidade de Theresa May: o seu partido perdeu sua maioria absoluta no governo nas últimas legislativas, convocadas por May na esperança de reforçar a sua posição para as negociações sobre as condições para a saída britânica da UE.
Não sem malícia, Donald Tusk evocou a hipótese de o Reino Unido permanecer na UE.
"Alguns dos meus amigos britânicos me perguntaram se era possível reverter o Brexit e se eu poderia imaginar um resultado em que o Reino Unido continuasse a fazer parte da UE", disse Tusk à imprensa.
"De fato, a União Europeia foi construída a partir de sonhos que pareciam impossíveis de alcançar". "Então, quem sabe?", apontou o responsável pela coordenação dos 28 líderes europeus.
Os 27 estarão atentos à intervenção de Theresa May, prevista para a janta. Ela revelará pela primeira vez detalhes sobre um ponto preciso das discussões: a situação dos cidadãos da UE vivendo no Reino Unido (e dos expatriados britânicos), e como Londres prevê assegurar seus direitos.
Os europeus também vão discutir a radicalização de duas agências europeias com sede em Londres (a Autoridade Bancárias e a Agência de Medicamentos).
Donald Tusk quer aproveitar a oportunidade para mostras que a UE pode "retomar o controle sobre as situações que nos sobrecarregam e, por vez, nos assustam".
A Bélgica voltou a ser o alvo de um ataque na terça-feira à noite, que não fez vítimas. Este ato ocorre em plena onda de ataques jihadistas nos últimos meses na Europa, especialmente no Reino Unido e na França.
O combate ao terrorismo e a radicalização também estão entre as questões prioritárias no menu europeu. Na mira: plataformas on-line e sua responsabilidade na difusão de conteúdo violento.
"A Europa que protege", também deve se inserir no contexto econômico e social: controlar os efeitos negativos da globalização, a luta contra a concorrência desleal e o dumping social.
Na agenda também consta a luta contra as mudanças climáticas, que deverá conduzir a um novo compromisso dos 28 no final da cúpula, após a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris.
Na área da diplomacia, Emmanuel Macron e Angela Merkel vão falar sobre a implementação dos acordos de Minsk destinados a restaurar a paz no leste da Ucrânia, até agora sem sucesso.
Na ausência de progresso, devem propor uma renovação das sanções econômicas contra Moscou por seis meses, de acordo com fontes diplomáticas.
Confrontados ao Brexit e às dúvidas sobre o compromisso dos Estados Unidos, os europeus também devem acertar várias medidas para reforçar a capacidade da defesa europeia.