Donald Trump e Narendra Modi se reuniram nesta segunda-feira (26) na Casa Branca pela primeira vez com a intenção de estabelecer uma boa relação e uma aliança entre Estados Unidos e Índia, apesar de suas diferenças em termos de imigração e mudanças climáticas.
Os líderes devem conversar no Salão Oval sobre negócios e o conflito no Afeganistão, antes de falarem juntos à imprensa.
O encontro permitirá ao primeiro-ministro indiano saber em primeira mão qual é a estratégia em termos de política externa do presidente americano para a Ásia em função das poucas pistas que deu desde o início de seu mandato.
Modi insiste "na convergência de interesses e valores" que compartilham as duas maiores democracias do mundo. Neste sentido, enfatiza que seu país e seus 1,3 bilhão de habitantes têm muito que conversar com os Estados Unidos quanto à questão de emprego, um tema delicado para Trump.
"A transformação da Índia representa inumeráveis oportunidades comerciais e de investimento para as empresas estrangeiras", enfatizou Modi em um artigo que saiu nesta segunda no Wall Street Journal, recordando que os intercâmbios comerciais entre os dois Estados chegam a 115 bilhões de dólares por ano.
O principal objetivo de Modi é "garantir que os Estados Unidos prestem atenção à Índia e que o novo governo siga as diretrizes do anterior", analisou Shailesh Kumar, do Centro Eurasia Group.
O governante indiano já se reuniu no domingo com executivos de grandes empresas americanas, como Amazon, Microsoft e Google, com o objetivo de aproximar suas posições.
Às vésperas da reunião, a Casa Branca assegurou que "os dois líderes têm muito em comum"
Trump e Modi, um nacionalista hindu, "se apresentaram como 'outsiders', prometeram empregos e garantiram que queriam que seus países fossem (de novo) respeitados", comentou Tanvi Madan, da Brookings Institution.
Além disso, os dois desconfiam dos meios de comunicação e são adeptos das redes sociais, que usam para se dirigir diretamente a seus cidadãos: Trump tem mais de 32 milhões de seguidores no Twitter e Modi outros 31 milhões.
Por ora, não está prevista uma coletiva de imprensa conjunta após sua reunião, apenas um jantar de gala na Casa Branca.
Esta decisão, que contrasta com o procedimento habitual de outras visitas de Estado, pode ter como motivação evitar perguntas incômodas sobre o caso da suposta interferência russa nas eleições presidenciais americanas, que persegue Trump desde o início de seu mandato.
- Vistos, clima e segurança nacional -
As relações entre Índia e Estados Unidos foram boas durante os dois mandatos de Barack Obama, mas a chegada de Trump à Casa Branca provocou grandes divergências sobre o comércio e a concessão de vistos para indianos.
Uma das mais importantes divergências é a concessão de vistos H-1B, que o presidente americano prometeu alterar e que permite que milhares de indianos qualificados trabalhem no Silicon Valley.
A mudança climática é outro ponto importante de discordância. Trump acusou a Índia de ter se beneficiado com o Acordo de Paris, no momento em que anunciou a saída americana do pacto há algumas semanas, o que Nova Délhi negou de modo veemente.
O grupo General Atomics disse que havia obtido autorização do governo americano para uma transação de mais de 2 bilhões de dólares, com a venda de drones ao exército indiano.
O Departamento de Estado americano ainda anunciou a classificação do líder Hizbul Mujaidindo grupo separatista da Caxemira, região do Himalaia dividida entre Índia e Paquistão e reclamada por ambos.
A segurança nacional americana também estará entre os assuntos discutidos. O governo americano pretende enviar mais 5.000 soldados ao Afeganistão, além de ter dado sinais de que deseja endurecer a relação com o Paquistão.
"A Índia teve uma influência positiva no Afeganistão", destacou um responsável do governo americano.
O Paquistão, grande rival regional da Índia, ao lado da China, é acusado de patrocinar a insurreição talibã.