O Congresso do Equador censurou no domingo (2) em um julgamento político o ex-controlador-geral do Estado Carlos Pólit, envolvido no caso de corrupção da Odebrecht, que já havia renunciado ao cargo nos Estados Unidos.
De acordo com a legislação equatoriana, a censura implica a destituição do cargo. Mas Pólit renunciou em 20 de junho em Miami, onde estava, segundo ele, para um tratamento de saúde.
Após sete horas de julgamento com a presença de 133 dos 137 deputados, o Congresso aprovou a resolução que censura a atuação de Pólit como controlador-geral.
A Assembleia Nacional também decidiu, com 132 votos a favor e uma abstenção, "enviar o resultado do julgamento político às unidades judiciais dos 12 países mencionados no caso Odebrecht", já que Pólit tem uma investigação fiscal aberta no Equador relacionada com a trama de corrupção da empresa brasileira.
O presidente do Congresso, José Serrano, declarou que "ao existir a renúncia já não tem como consequência a destituição, mas a censura aconteceu e isto aconteceu por unanimidade".
Pólit alegou em sua defesa, que enviou por escrito e foi lida por quase duas horas, que punição era pretendida com base em notícias da imprensa e que não tinha "nenhuma responsabilidade política" nas acusações apresentadas.
Também insistiu que o julgamento político não respeitou o devido processo e tem "falhas profundas".
O julgamento político contra o ex-funcionário foi iniciado pelo governo e apoiado pela oposição, que busca uma ação similar contra o vice-presidente Jorge Glas pelo mesmo caso.
Ao apresentar as acusações, o deputado do partido governista Aliança País (AP) Daniel Mendoza destacou que Pólit não cumpriu suas funções ao delegar a assinatura de relatórios e não auditar os contratos assinados entre o Estado e a empreiteira brasileira.
"Existiu um favorecimento à empresa Odebrecht, existiu um modus operandi na Contraladoria Geral do Estado", disse Mendoza.
O ex-controlador foi envolvido na trama de corrupção em 2 de junho, após uma operação de busca em sua residência no âmbito das investigações do caso Odebrecht.
Os inquéritos em curso no Equador já provocaram várias detenções, incluindo o ex-ministro da Energia Alecksey Mosquera e um tio do vice-presidente.
A Procuradoria abriu uma investigação após a revelação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em dezembro, de que a Odebrecht pagou, entre 2007 e 2016, quase 33,5 milhões de dólares a funcionários equatorianos.
Pagamentos de 40 milhões de dólares a Odebrecht foram bloqueados para garantir uma indenização ao Estado e o governo proibiu contratos com a empresa.